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Documentos históricos são restaurados
Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
02/02/2009 | 07:08
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Luvas, avental, máscara, botas e óculos. Com todo esse aparato, digno de uma sala cirúrgica, é que os restauradores do Laboratório de Restauro da Prefeitura de São Bernardo se preparam para tratar dos pacientes: os documentos históricos da cidade.

Pelas mãos dessa equipe de cirurgiões especiais passam documentos, livros, jornais, fotografias e cartazes que remontam o passado do município. Um dos resgatados do limbo, condenado pelo tempo, é o livro da parteira Terezina Capitanio Fantinati. A publicação de 1901 certifica os primeiros nascimentos do início do século passado na cidade.

"Recuperamos ainda anotações de partos em papéis avulsos, dobrados no meio do livro. Acreditamos que, na correria, a parteira acabava escrevendo fora do caderno", explica a conservadora e restauradora Celina Gutierrez Armando de Azevedo.

Para chegar até as mãos dos restauradores, o documento tem de passar pelo crivo de historiadores e sociólogos dos serviços de Memória e Acervo e de Patrimônio Histórico da Secretaria de Educação e Cultura que atestam sua importância e, daí, a necessidade de conservação.

Desde 2000, quando o laboratório foi criado, pelo menos 20 mil documentos foram recuperados. A vantagem de ter o serviço municipalizado é de que empresas privadas chegam a cobrar R$ 200 por página restaurada.

A semelhança entre o restauro de um documento e uma intervenção médica começa ainda na chegada do material a ser recuperado no laboratório, com um exame. A análise é necessária para que se decida que tipo de intervenção deverá ser feita (cada tipo de deteriorização requer um restauro diferente).

Obturação com massa de celulose, retirada de fitas adesivas com agentes químicos, hidratação com água desmineralizada e costura são algumas intervenções as quais os documentos podem ser submetidos.

A operação começa na mesa de higienização onde há um aspirador que retém parte dos detritos. Depois, o material pode seguir para os procedimentos necessários ao tipo de avaria que apresenta. "No meio do material encontramos bolor, água, fungos, brocas, insetos, restos de comida e outras coisas até piores que é melhor nem citar", brinca a restauradora Cecília Maria Armando.

O tempo de recuperação de um paciente depende do grau de seu estado de saúde. O caderno da parteira, por exemplo, levou seis meses para ganhar vida nova enquanto uma folha de jornal pode ser restaurada em até cinco horas. Quando o material está finalmente recuperado é disponibilizado ao público.

Entre as relíquias recuperadas estão mais de 40 fotos, cartaz e o roteiro original do filme Sinhá Moça, de 1953, que estavam se perdendo nos Estúdios Vera Cruz.

"O restauro é algo que só pessoas capacitadas conseguem fazer, mas a conservação de um documento, de um livro, uma foto, é fácil; cabe à pessoa guardar de forma correta esses materiais em casa para que não aconteça o mesmo que aconteceu com os itens que chegam aqui", explica Celina.




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