Cultura & Lazer Titulo Samba
Duas vozes em homenagem a Gudin
Do Diário do Grande ABC
24/10/2008 | 07:14
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Na opinião de um de seus principais parceiros, o letrista, poeta e também compositor Paulo César Pinheiro, Eduardo Gudin é "um dos maiores representantes do samba de sua terra nativa, a boêmia São Paulo". Duas cantoras, a paulista Dona Inah e a paraense Leila Pinheiro (radicada no Rio), concordam com ele e se debruçaram sobre a rica obra de Gudin, evidenciando, no caso de Leila, que seu cancioneiro evolui para além do samba. Ela divide o palco com o compositor em três noites deste sábado a domingo no Teatro Fecap (tel.: 3188-4149). Na quinta-feira que vem, Dona Inah faz uma grande festa de lançamento do CD Olha Quem Chega, na choperia do Sesc Pompéia (tel.; 3871-7700).

Os shows de Leila e Gudin seriam também para lançar o CD, gravado no mesmo Teatro Fecap, que não ficou pronto a tempo. Então, a cantora decidiu colocá-lo na rua só em março ou abril de 2009. "Não queria fazer nada apressado", diz. De qualquer maneira, este show é o mesmo do CD, que é o primeiro a sair pelo selo da cantora, tem algumas das obras-primas mais famosas de Gudin e parceiros - como Mordaça, Chorei, Paulista, Velho Ateu e Maior É Deus.

"Fico imensamente feliz em poder pegar esse trabalho e jogar um pouco mais para o mundo, fora o que já levo cantando Verde aonde vou, porque sinto a obra do Gudin muito localizada em São Paulo. E ele é grandioso, é um compositor que não deixa a desejar a um Paulinho da Viola, a um Nelson Cavaquinho, que são mestres dele e se tornaram parceiros", observa a cantora. Gudin retribui à altura.

"Leila é impressionante, sempre a achei uma das maiores cantoras do Brasil e é uma das pessoas que mais entendem meu trabalho. Temos uma afinidade muito grande desde Verde, mas também por causa da nossa relação com a bossa nova."

Gudin fez os arranjos e toca violão no show, além de cantar uma das 19 canções do roteiro. Leila se encarrega das demais. O compositor também evidencia no show seu dom de grande violonista. Entre seus acompanhantes estão feras como Fábio Torres (piano), Zeca Assumpção (baixo), Luiz Guello (percussão) e Edu Ribeiro (bateria).

Em relação ao segundo CD de Dona Inah, Gudin manteve uma certa distância. "Queria que ela fizesse do jeito dela. Só ouvi quando estava pronto e achei muito legal. Fiquei muito honrado", diz o compositor, que assina o arranjo de uma faixa, Ainda Mais (parceria com Paulinho da Viola). O repertório tem clássicos como E lá Se Vão Meus Anéis, Veneno, Velho Ateu, Verde e Maior É Deus.

Seis das 18 faixas do CD de Dona Inah coincidem com o de Leila e oito são parcerias de Gudin com Paulo César Pinheiro. Olha Quem Chega, que abre o CD e foi gravada por Elizeth Cardoso, foi a primeira da dupla. Nas demais, há sambas que compôs sozinho e outros em parceria com Paulo Vanzolini, Paulinho da Viola, Roberto Riberti, Nelson Cavaquinho, Mauro Duarte, Costa Netto e Dino Galvão Bueno.

Além do grupo Samba Novo, que sempre acompanha Dona Inah, ela conta com participações do Quinteto em Branco e Preto, de Osvaldinho da Cuíca, Zé da Velha (trombone), Silvério Pontes (trompete), do cantor João Borba (em Violão Gentil) e do violonista Alessandro Penezzi. A maioria participa do show no dia 30.

"Admiro muito Gudin, é um grande compositor, grande amigo. Confesso que até um tempo atrás não conhecia muito o repertório dele. Nos shows, cantava algumas músicas como Veneno e Mente sem saber que eram dele. Quando soube de quem era, comecei a me interessar mais e resolvi fazer esta singela homenagem", diz Dona Inah, 73 anos.

Ela diz que bancou a produção do disco do próprio bolso (a distribuição é da Dabliú) e contou com a colaboração dos músicos, que tocaram praticamente de graça. "Todos me ajudaram para conseguir fazer o que eu tinha vontade."

Em texto publicado no encarte do CD, Paulo César Pinheiro ressalta o bom gosto, o canto "puro, primitivo, sem pretensão de mostrar virtuosismos" da "cantadeira realmente popular".

Para Gudin, "ela é demais, afinadíssima, espontânea". Sua voz envolvente vem sendo lapidada em programas de rádio e nos bailes da vida, Vinda de Araras, no interior de São Paulo, onde nasceu, ela começou sua carreira musical em Santo André, nos anos 1950.

 




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