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Lar para idosos completa 60 anos e passa por dificuldades

Entidade Nosso Lar depende de doações para funcionar; gasto mensal é de R$ 220 mil

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
04/03/2013 | 07:00
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Prestes a completar 60 anos de existência, a Instituição Assistencial Nosso Lar, no Jardim Guilhermina, em Santo André, depende da mobilização de voluntários e conscientização da sociedade para continuar sua trajetória. A dificuldade financeira é, hoje, o principal problema do espaço, que atende a cem idosos em período integral.

De acordo com a presidente do asilo há 15 anos e voluntária há 48, Glória de Siqueira Fabri, a casa demanda gasto de R$ 220 mil mensais entre manutenção dos serviços e folha de pagamento dos 70 funcionários. Mediante convênio com a Prefeitura de Santo André, a instituição recebe R$ 39 mil e depende de outros recursos, como venda de itens em bazar e doações de 500 voluntários fixos para fechar a conta.

Por dia, são consumidos cerca de 50 litros de leite. Apenas uma refeição, como o almoço, demanda 20 quilos de carne. Grande parte da alimentação chega por meio de convênios e doações. "Estamos com problemas financeiros há algum tempo, mas, de uns dias para cá, está terrível. Só não falta comida", destaca. Além de estadia e seis refeições diárias, os idosos contam com assistência médica, fisioterapia, psicólogo, assistente social, nutricionista, enfermeiros, auxiliares de cozinha e de limpeza durante 24 horas. Também há oficina de artes.

Para dar continuidade ao trabalho, que nasceu a partir da vontade de grupo de amigos de filosofia espírita em abrigar idosos carentes de Santo André, a diretoria do asilo realiza reformulação de projetos e conta com a solidariedade. Uma das ideias é implementar o Clube dos 100, equipe que se comprometa com uma contribuição mensal de R$ 100. Além disso, toda a venda de ingressos da peça teatral Gandhi, Um Líder Servidor, com o ator João Signorelli, no dia 31 no Teatro Municipal de Santo André, será revertida para a instituição. Cada entrada custa R$ 35 e ainda há lugares.

A mobilização se faz necessária para garantir a estadia dos cem idosos que moram no lar atualmente. "A grande maioria deles foi encaminhada pela Justiça porque sofria maus tratos em casa. Muitos já nem têm mais família", observa Glória. A casa está com sua capacidade máxima de atendimento e há fila de espera de 80 pessoas. "Muitas vezes as pessoas se esquecem que vão envelhecer e, por isso, não dão atenção aos mais velhos", lamenta a presidente.

Nosso Lar: Rua Francisco Ferreira, 49, Jardim Guilhermina - Santo André
Telefone: 4453-7766
ianossolar@superig.com.br
site: www.nossolaridosos.org.br
www.facebook.com/nossolaridosos


Moradora de 71 anos elogia estrutura da casa

Há cerca de 30 anos, a Instituição Assistencial Nosso Lar passou a ser a casa de Aparecida de Lurdes Alves dos Santos, 71 anos. Apesar de a simpática e vaidosa velhinha não ter escolhido o asilo como moradia, ela garante que adora o local. "Morava com a minha filha e nossa casa foi vendida após passar por inventário. Ela teve que ir morar com a patroa e eu não tinha com quem ficar", relembra.

Durante as três décadas em que mora no asilo, Cida, como é chamada pelos companheiros de casa, recorda-se de inúmeros momentos de felicidade. "Gostava muito de dançar nas festas, mas, agora, já não aguento mais", reconhece. Para ela, a praticidade de ter à mão médico, remédio e atenção, somado às visitas das filhas e neta, sempre aos domingos, são suficientes para uma vida feliz.

Um brilho triste no olhar carismático da senhora de cabelos grisalhos, no entanto, chama a atenção de quem a vê. Cida perdeu, há aproximadamente 15 dias, a companhia do namorado. "Ele era tão brincalhão e companheiro", lamenta, com os olhos marejados. O idoso Jair morreu devido a complicações após cirurgia na coluna. Enquanto o luto não passa, a alternativa da idosa é recordar dos bons momentos vividos nos últimos três anos ao lado do amigo querido.




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