Jogos do Poder, que estréia hoje no Grande ABC e na Capital, parece inverossímil até mesmo como roteiro de cinema. Mas a história do senador norte-americano que se aliou a uma excêntrica socialite do Texas e a um caricato agente secreto para derrubar os russos que invadiram o Afeganistão (sempre este país) nos anos 1980 não é obra da imaginação.

É, isso, sim, furo de reportagem dos mais suculentos (pelo menos para um jornalista especializado na cobertura política). O repórter George Crile, do programa 60 Minutes, revelou a ‘guerra’ pessoal do congressista Charlie Wilson contra os russos (ainda chamados de soviéticos) em reportagem de 1988. Lançou um livro cinco anos depois, que foi sucesso de vendas.

Tom Hanks se interessou pela história e adquiriu os direitos de filmagem. O homem que inspirou o personagem assessorou a equipe, assim como George Crile até morrer de câncer, durante a pré-produção, em 2006.

O filme dirigido por Mike Nichols acompanha Wilson (Hanks), a bilionária Joanne Herring (Julia Roberts) e o atrapalhado homem da CIA Gust Avrakotos (Philip Seymour Hoffman) em complicadas negociações com os rebeldes afegãos Mujahideen.

A intenção era armar a população de maneira que eles conseguissem expulsar os invasores soviéticos – então os grandes inimigos do imperialismo. O trio conquista adeptos no Paquistão, Israel e Egito e dentro do Congresso Norte-americano.

A campanha, ou melhor, a guerra pessoal de Charlie Wilson, teria provocado a fuga dos soldados vermelhos. Em nove anos de ocupação no Afeganistão, o lobby conseguiu que o governo subisse o investimento para banir os inimigos de US$ 5 milhões para US$ 1 bilhão. Wilson, que até então tinha carreira inexpressiva fora do Texas, conseguiu se reeleger até a próxima década.