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Soldador some durante tempestade
Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
23/02/2008 | 07:26
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Às 4h da madrugada de sexta-feira, o despertador tocou e a dona de casa Maria das Dores de Souza, 47 anos, não viu o seu marido, o soldador João Simão de Souza, 44, ao lado da cama. Ele deveria acordar para trabalhar. Maria das Dores chorou copiosamente e começou a rezar.

 

O soldador, morador do bairro Olímpico, em São Caetano, está desaparecido desde o dilúvio que assolou a região quinta-feira. Souza sumiu perto da Avenida dos Estados, em Utinga, Santo André, quando tentava chegar em casa andando. Até sexta-feira à noite, a família não tinha nenhuma notícia dele.
 
- “Eu ainda tenho fé que ele vai entrar em casa e me dar um abraço e um beijo”, afirmou sua mulher, entre lágrimas, segurando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. Ela e o soldador estão casados há cinco anos e não têm filhos.
 
Souza trabalha em uma metalúrgica em Guarulhos, na Região Metropolitana. Às 18h de quinta-feira, um veículo da empresa o deixou em Utinga.
 
“Como chovia muito, ele ficou esperando em uma casa de produtos nordestinos. O filho do dono trabalhava com ele na empresa e nos contou tudo”, afirmou a cunhada Maria de Fátima Mendes, 45.
 
O soldador não conseguiu telefonar para a família. Ele não tem celular e a linha telefônica do estabelecimento ficou muda com a tempestade.
 
Depois de esperar por duas horas a chuva passar e não conseguir nenhum contato com a mulher, Souza resolveu arriscar e andar no meio da chuva.
 
“Ele sempre teve medo de água. Na praia, só ficava na areia. Quando via enchente na televisão, se contorcia todo”, contou Maria das Dores.
 
Antes de encarar a enchente, colocou sacolas plásticas nos pés, com medo de leptospirose, e em outra sacola a carteira com os documentos e R$ 380 do vale que havia retirado no trabalho. Depois que saiu da casa nordestina, nunca mais foi visto.
 
A sacola com os documentos foi achada sexta-feira de manhã em uma construção na Avenida Presidente Wilson, na Vila Prudente, Zona Leste da Capital. Os documentos e o dinheiro foram devolvidos.
 
Familiares já buscaram informações em postos do IML (Instituto Médico Legal), hospitais e Corpo de Bombeiros.
 
O soldador vestia uma camiseta amarela, calça bege e tênis marrom. “Estou desesperada. Espero o telefone tocar com alguma notícia boa, mas até agora nada”, lamentou Maria das Dores.
 

O Corpo de Bombeiros informou que ainda não fez buscas porque não teve nenhuma informação concreta sobre o local exato do desaparecimento.




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