Cultura & Lazer Titulo
Cem anos de frevo é tema de livro
02/02/2008 | 07:11
Compartilhar notícia


O frevo é o hardcore brasileiro. A definição é de China, jovem talento da nova geração de músicos pernambucanos, que integra a Mombojó, uma das mais talentosas bandas do atual cenário musical nacional. Não poderia ser mais verdadeira. Não só por ser o frevo o mais frenético dos ritmos musicais do País, mas porque tal comparação o coloca no patamar de música observada de longe pelos tataranetos dos criadores do som que ecoa por todos os quatro cantos de Olinda e Recife durante o Carnaval.

Hoje é sábado de Carnaval. Dia de Galo da Madrugada. Dia de frevo no Recife. Pode até ser que não seja dia de abrir um livro no País do Carnaval. Mas Frevo – 100 Anos de Folia (Editora Timbro, 240 págs., R$ 95) vale cada folheada.

A todos os foliões apaixonados pelo frevo e que nunca tiveram a sorte de sair de sombrinha em punho, o livro escrito por Camilo Cassoli, Luiz Augusto Falcão e Rodrigo Aguiar é uma amostra do que é capaz este ritmo nascido de pai capoeirista e mãe banda militar. 100 Anos de Folia vem para fechar o ano de comemorações, que já teve CD especial de Antônio Nóbrega, festas e apresentações por todo o País e várias publicações que contam a origem e a história da música que ferve a cabeça de todo amante do que o Brasil tem de melhor: sua cultura popular.

“É exatamente uma homenagem para fechar a festa que quisemos fazer. Não é um livro didático. Não é uma pesquisa com rigor acadêmico. Aliás, existem ótimos livros e pesquisas sobre isso. O que eu, Falcão e Aguiar fizemos foi uma coletânea, um conjunto de artigos, fotos, prosa e poesia sobre o frevo que nunca havia sido compilado", conta Cassoli, que, paulista, é apaixonado pelo ritmo pernambucano.

“Falcão também não nasceu em Pernambuco. Ele é de Alagoas e cresceu em Recife.

“Já o Aguiar é gaúcho. Veja como o alcance do frevo é nacional”, brinca o jornalista, que, apesar de morar em Perdizes, sabe muito bem que o frevo seduziu outros ‘forasteiros’. “É por isso que destaque especial é dedicado ao trabalho de registro que os fotógrafos franceses Pierre Verger e Marcel Gautherot fizeram da cena musical pernambucana nas décadas de 1950 (no caso de Verger) e 1960 (Gautherot).

“É mesmo um passeio pelos velhos e novos carnavais. O livro é estruturado com base nas imagens de Verger e Gautherot, mas há cerca de outras 200, que incluem também reproduções de Portinari, Vicente do Rego Monteiro, Heitor dos Prazeres, Lula Cardoso Ayres, entre outros”, acrescenta Falcão.

Uma imagem que não passa despercebida é a de uma Carmem Miranda que, em vez do turbante de frutas que a tornou célebre em todo o mundo, exibe orgulhosa uma cascata de sombrinhas coloridas na cabeça.

“Esta cena é pouquíssimo conhecida. E nunca foi publicada em livros sobre o gênero. É esse tipo de passeio pelo frevo, que é tão difícil de ser captado em imagens, por ser tão frenético, que queremos oferecer ao leitor”, comenta Cassoli.

ESPECIALISTAS

Mais que imagens, 100 Anos de Folia traz textos de mestres da prosa como Clarice Lispector, Mário de Andrade, Gilberto Freyre, Antônio Maria, José Lins do Rêgo e Caetano Veloso.

“Também têm a palavra especialistas como Leonardo Dantas Silva, Rita de Cássia de Araújo e Valdemar de Oliveira, que dão o tom final ao livro, que não é uma obra acadêmica, mas conta, claro, as origens e o percurso que o frevo fez não só em Pernambuco mas por todo o Brasil”, comenta Cassoli.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;