O caos provocado pelos congestionamentos nas grandes metrópoles é também realidade no Grande ABC. Todos os dias são registrados pelo menos 37 pontos de lentidão ao longo dos sete municípios da região, sendo a maioria concentrada em Santo André, São Bernardo e Diadema.

Os gargalos que afetam o trânsito trazem prejuízos à economia e à qualidade de vida da população. Esse é um dos motivos pelos quais o Diário iniciou anteontem a campanha Sabendo Usar Não Vai Parar, em apoio ao Dia Mundial sem Carro - celebrado no próximo dia 22.

O aumento da frota é o principal fator que contribui para a intensificação dos engarrafamentos na região. Na Grande São Paulo, 1.000 novos veículos saem dos pátios das montadoras e ganham as ruas diariamente. Cerca de 240 vêm para as mãos de motoristas do Grande ABC, região que detém o terceiro maior mercado consumidor do País.

Prova disso é que na última década o número de carros das sete cidades cresceu mais do que a população. Em 1998, a média era de 2,88 veículos por habitante (frota de 800.106 carros para 2.305.650 pessoas). Hoje a proporção é de dois por um (frota de 1.233.969 carros para 2.584.015 pessoas).

Dos principais pontos de congestionamento enfrentados por quem trafega na região, o mais notório é o Corredor ABD, via que interliga Diadema a Santo André e São Bernardo.

A via fica completamente engarrafada de segunda a sexta-feira, das 7h às 8h30 e das 17h às 18h30, afetando o fluxo nas três cidades por onde passa (em Santo André, a continuação do corredor recebe o nome de Avenida Prestes Maia e, em São Bernardo, Avenida Lions).

"A Lions é um problema constante", diz Francisco dos Santos de Sousa, chefe de Operação de Trânsito da Secretaria de Transporte e Vias Públicas da Prefeituras de São Bernardo, referindo-se à porção são-bernardense do Corredor ABD.

"Trata-se de uma via saturada e com carregamento de veículos acima da capacidade normal", diz Sousa.

O eixo formado entre as avenidas Piraporinha e Lucas Nogueira Garcez, além das avenidas Maria Servidei Demarchi, Brigadeiro Faria Lima, Rotary, Doutor Rudge Ramos e Estrada das Lágrimas (na divisa de São Caetano) são outros pontos de trânsito complicado em São Bernardo.

Igualmente problemática é a Avenida dos Estados, via que interliga Mauá à Capital, passando por Santo André e São Caetano. Só no trecho andreense circulam por dia 30 mil veículos, que travam principalmente as alças de acesso à região central da cidade em horários de pico.

DIADEMA
O diretor de trânsito da Secretaria de Transportes de Diadema, José Eduardo Rosário dos Santos, reitera a condição de via que opera acima do limite de capacidade atribuída ao Corredor ABD, sendo majoritariamente utilizada como rota de passagem por quem vem dos municípios vizinhos.
Segundo ele, 200 mil veículos trafegam diariamente na Avenida Fábio Eduardo Ramos Esquível (continuação do Corredor ABD). É mais do que a frota do município, formada por 114.060 veículos.

"Apesar disso, Diadema utiliza menos de 20% da capacidade de operação no trânsito. Na maior parte da cidade o tráfego flui normalmente", diz o diretor de trânsito.

Completam o rol de vias mais congestionadas de Diadema o trevo formado pela Avenida Piraporinha com a Praça Bom Jesus de Pirapora, e as avenidas Presidente Kennedy e Cupecê, na divisa com a Capital.