Vítima de quatro ataques cardíacos, quatro acidentes vasculares cerebrais e câncer de próstata - já curado - o aposentado Anísio Ribeiro da Costa, 73 anos, precisa ser atendido por um médico freqüentemente para saber a situação do seu corpo.

Mas, contrariando a exigência, há mais de oito meses o paciente não consegue marcar retorno e ser examinado por um cardiologista no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André.

Morando em São Bernardo desde 1946, "quando isso aqui tudo ainda era mato", o aposentado afirmou que já foi e voltou do hospital quase dez vezes desde 20 de dezembro de 2007, quando foi atendido pela última vez. "Me diziam que não tinha previsão de atendimento porque não havia médico", disse Costa, que chegou a ser orientado a procurar outro hospital ou fazer tratamento particular.

"Tenho apenas 20% do coração funcionando. Não posso nem tomar anestesia geral porque minha chance de sair vivo é quase zero", disse o aposentado, que trabalhou por mais de 40 anos como inspetor de segurança e está inativo por invalidez.

Costa conta que seu segundo infarto, ainda na década de 1960, foi período da vida em que ficou mais doente. "Foi pior do que o câncer. Permaneci em repouso por oito meses e ainda não estou recuperado."

Para controlar o colesterol, ele toma remédios de alto custo que retira da farmácia no mesmo hospital. Sobre esse serviço, reserva elogio. "É muito bom, estão de parabéns."

A Secretaria de Estado da Saúde negou que tenha faltado médico cardiologista no Hospital Mário Covas. A demora na marcação da consulta foi justificada pelo pedido de demissão da médica que atendia o aposentado. Por esse motivo, foi difícil conseguir encaixar atendimento no horário de outro profissional.

Por ora, a dificuldade parece ter tido fim. De acordo com a Pasta, nova consulta para o aposentado foi marcada para amanhã, às 15h. (Supervisão de Daniel Trielli)