Nos campos de São Bernardo a bola rola redondinha. A cada fim de semana, o público que se mobiliza para assistir aos jogos na cidade é de dar inveja aos quatro times profissionais da região. Segundo os dados da Liga de Futebol Amador, são aproximadamente 15 mil torcedores. Gente de todos os cantos do município. Torcedores dos 88 clubes que disputam as quatro divisões locais.

Pelos terrões de São Bernardo, onde a garra muitas vezes se sobrepõe à técnica, já passaram inúmeros craques. Alguns deles aprimoraram seu futebol na cidade antes de despontar para o mundo. Ronaldão e Denílson, tetracampeões mundiais com a Seleção Brasileira; Deco (hoje no Chelsea, da Inglaterra); Ilsinho, que busca a inédita medalha de ouro na Olimpíada de Pequim, são exemplos de jogadores que iniciaram a carreira nos campos de São Bernardo.

Outros poderão aparecer em breve. "Este ano já assinei mais de 50 liberações", contabiliza o presidente Saul Lino. Por liberações, entenda-se o documento que permite ao jogador migrar para a condição de profissional, o que indica que logo surgirão outros representantes do futebol da cidade no cenário nacional. "Temos atletas de São Bernardo por todos os cantos do País", conta Saul, citando como exemplo o atacante Maikon Leite, um dos poucos que se salvam na campanha do Santos no Campeonato Brasileiro, que também jogou na cidade.

O futebol de São Bernardo possui quatro divisões: Especial, Primeira, Segunda e Terceira. Os quatro primeiros sobem e os quatro últimos são rebaixados, o que acirra a disputa e faz com que os presidentes dos clubes abram os cofres em busca de reforços. "Dos jogadores que disputam a Divisão Especial, 90% têm algum tipo de benefício", estima Saul. "Hoje não existe mais esse negócio de jogar por amor à camisa. Nem mesmo na várzea. Existem sim os dirigentes abnegados", completa.