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Experiência repõe idosos no mercado
Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
29/06/2008 | 07:11
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A idade não é um ‘gargalo' para entrar no mercado de trabalho. Desde 2003, a participação do grupo etário com 50 anos ou mais registra crescimento contínuo na região metropolitana de São Paulo, principalmente no setor de serviços. Há cinco anos a fatia desse grupo no mercado era de 21,6%. Em 2007, passou a ser de 25,3%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

"A melhoria da qualidade de vida tem proporcionado que as pessoas envelheçam mais tarde e, assim, permanecem ativos. Por outro lado, com as mudanças na legislação, o tempo de contribuição previdenciária e a idade aumentaram, fazendo com que as pessoas se aposentem mais tarde", explicou a técnica do IBGE, Maria Lúcia Vieira.

A participação crescente da terceira idade no mercado de trabalho também deriva da preocupação das empresas com a responsabilidade social.

"As corporações buscam uma maior diversidade no ambiente de trabalho, agregando diferentes grupos. Pessoas mais experientes acabam sendo reflexo para quem está iniciando a carreira", acrescenta Maria de Fátima e Silva, gerente do departamento de responsabilidade social da empresa de recursos humanos Gelre.

As redes de fast-food Bob's e Pizza Hut e o Grupo Pão de Açúcar são exemplos de corporações que abriram espaço para pessoas com mais de 60 anos. "Com a inclusão da diversidade, todos se sentem reconhecidos. A experiência que as pessoas trazem agrega valor e serve de espelho para os jovens", explica a gerente de seleção do grupo Pão de Açúcar, Eliana Ponzio.

Essas empresas contribuem para reduzir o alto índice de rotatividade entre os funcionários com mais idade. "Dos 1.500 funcionários em lojas próprias (sem contar as franqueadas), 100 deles têm acima de 50 anos", disse o diretor de Recursos Humanos da rede Bob's, Geraldo Gonçalves.

Esses contratados têm a oportunidade de construir carreira na idade em que muitos são descartados do mercado. "Com mais de 60 anos, os profissionais entram e fazem planos de carreira", completa Leandro Fernandes, assistente de Recursos Humanos da Pizza Hut.

E não só o setor de serviço que recorre à experiência dos ‘maiores' de 50 anos. O intee da comissão de fábrica da Volkswagen em São Bernardo, Wellington Messias Damasceno, lembra que em 2007 a montadora contratou 700 funcionários, dos quais 350 eram aposentados. "Está no nosso contrato a cláusula de diversidade, que prevê a contratação de pessoas entre 18 e 24 anos e acima de 40, sem discriminação de raça, credo e gênero. Os mais experientes trazem mais agilidade à linha de produção", afirma Damasceno. Serviço: informações acesse: www.pizzahut.com.br; www.paodeacucar.com.br e www.bobs.com.br.

Aposentados trocam ‘férias' por trabalho

Nelson Alves da Cruz, 71 anos, não se conformou com a aposentadoria aos 47 anos, após trabalhar quase 30 anos como supervisor de recebimento de peças de reposição na Ford, onde se aposentou. Para Cruz, foi um baque o levou à depressão porque ele começou a trabalhar quando era criança.

"No início da aposentadoria ajudei minha esposa a cuidar da minha sogra. Mas, depois senti a necessidade de voltar a trabalhar. Comecei a ficar depressivo. Afinal, o trabalho sempre fez parte da minha vida", conta.

E foi em uma das suas idas ao supermercado que Cruz recuperou a auto-estima. Ele conversou com o gerente de uma das unidades do Grupo Pão de Açúcar sobre o seu desejo de voltar a trabalhar. "Vendo que queria voltar à ativa, o gerente me aconselhou a procurar o RH da empresa e me cadastrar."

Depois de alguns meses, Nelson foi chamado para trabalhar em uma loja do grupo próxima da sua residência, em Santo André.

"Já faz oito anos que estou aqui (Extra). Passei por vários setores, participo dos eventos realizados na loja e, atualmente, faço a locução dos produtos em promoção." Para Cruz, profissionais da sua idade têm muito a contribuir. "É cruel um homem de 50 anos, com potencial, ficar em casa. Além de exercitar minha mente, ainda complemento a renda de minha aposentadoria."

MONTADORA
Depois de oito anos aposentado pela Volkswagen, Remilson Oliveira Filho, 57 anos, voltou para a empresa no ano passado.

Durante o período que se afastou da montadora, Remilson não ficou parado. "Comecei a trabalhar em lojas de material de construção, para ocupar a mente, e também melhorar a renda da aposentadoria. No início, queria aproveitar o tempo vago, depois a vida cai na monotonia."

Luiz de Almeida, 52 anos, também aposentado pela Volkswagen, em 2004, comemorou o convite para voltar a trabalhar na empresa como torneiro mecânico. "Se tivermos saúde e condições por que ficarmos em casa", questiona. Para Almeida, sua experiência foi fundamental para voltar à companhia. "Conheço os procedimentos, isso me favorece."




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