Setecidades Titulo Habitação
Famílias retornam para área de risco
Thaís Moraes
Do Diário do Grande ABC
15/02/2013 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


As famílias que tiveram suas casas tomadas pela enchente durante o temporal de domingo terão de retornar aos imóveis sob risco em Santo André. Quatro dia depois dos estragos, a Defesa Civil ainda não emitiu parecer a respeito das moradias parcialmente danificadas pelas chuvas no Jardim Irene. O local foi o mais prejudicado.

No domingo, a Prefeitura alojou no Cesa (Centro Educacional de Santo André) Cata Preta cerca de 60 pessoas - outras 108 foram abrigadas em casas de parentes e amigos. Dessas, 20 ainda permaneciam no local até a tarde de ontem.

A dona de casa Darlene Barcelos, 24 anos, foi com a filha e o marido para o Cesa e afirmou que irá continuar até que a Prefeitura resolva a situação. "Minha casa está caindo. Não tem como colocar minha filha em risco. Quero outro lugar para ficar, mas não um abrigo."

A maioria dos moradores que seguiram para o alojamento provisório é residente da Avenida Maurício de Medeiros, um dos pontos da cidade mais afetados pela enchente por estar próximo ao Córrego Guarará.

A Prefeitura disponibilizou colchões e alimentação, mas não se manifestou sobre em relação à moradia. Também foram feitas doações de roupas, calçados e itens de higiene pessoal.

Moradora do Jardim Irene há 40 anos, Aleny Morena Barros perdeu móveis e eletrodomésticos e disse que situação semelhante nunca tinha acontecido. "Não consegui dormir no abrigo porque tenho falta de ar e por causa do barulho. Dormi em banquinho de rua", contou.

A equipe do Diário visitou o local e constatou situação caótica. As casas que foram inundadas estão localizadas bem em frente ao córrego, que transborda toda vez que chove. No local, há muito lixo e o mato também dificulta a passagem da água. As pontes de madeira que permitem o acesso entre as casas e a Avenida Maurício de Medeiros também correm o risco de desabar.

A residência de Maria Aparecida de Sá, que vive no local há 30 anos, está invadida pela lama. A água destruiu tudo. "Há rachaduras tanto no chão quanto nas paredes. Estamos esperando a Defesa Civil avaliar, mas para abrigo a gente não volta porque lá seremos esquecidos e aluguel social não dá para pagar", disse.

Em meio à lama presente em todos os cômodos, Rosinaldo Diniz lamentava a situação. "Preciso de dignidade para a minha família e para mim. Perdi todos os meus documentos. Se eu morrer, fico como indigente".

O cenário é semelhante em muitas casas, onde na maioria só sobrou a estrutura. Existem dezenas de crianças no local e seis delas apresentaram diarreia e vômito após a enchente.

Em nota oficial, a Prefeitura afirmou que na manhã de ontem integrantes da Vigilância Sanitária, Defesa Civil, Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) e da Habitação e Inclusão Social visitaram o local para avaliação. Quanto ao excesso de mato, a expectativa é que o Departamento de Parques e Áreas Verdes conclua o trabalho até o fim do mês.

Já em relação às providências que deverão ser tomadas na área de Habitação, a Prefeitura informou que a questão será discutida junto às famílias. Atualmente, o valor do aluguel social é de R$ 380.

DOAÇÕES

A ONG Casa do Jardim aceita doações de roupas, lençóis, colchões, alimentos, toalhas e produtos de limpeza para os desabrigados pela chuva. Interessados em ajudar devem comparecer à Rua Jaguari, 571, bairro Campestre, em Santo André, ou entrar em contato pelos telefones 4432-0678 e 97243-7023.




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