Cultura & Lazer Titulo Festival de cinema
Surge um favorito em Berlim
Rui Martins
De Berlim, especial para o Diário
12/02/2013 | 07:00
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Divulgação


Se aplausos na projeção reservada para a crítica anunciam prêmios, o filme chileno Glória, de Sebastián Lelio, se tornou o favorito entre os nove longas já exibidos no Festival de Cinema de Berlim. E a atriz Paulina Garcia pode começar a esperar um prêmio de melhor interpretação. Em termos de bilheteria, não se precisa ter bola de cristal para prever o sucesso de Glória, no Brasil e em todo mundo.

Glória é uma mulher ativa, cheia de vida, dinâmica, que, aos 58 anos, depois de divorciada há 13 anos, busca carinho e amor em soirées dançantes. E é assim que encontra Rodolfo, 65 anos, recém-divorciado, com quem imagina poder ter uma ligação durável.

Mas a idade de Glória e Rodolfo não significa filme de amor entre idosos, como foi em Cannes o grande sucesso de Michael Haneke. Bem ao contrário, não se trata de um filme lúgubre, o clima é de comédia engraçada, capaz de conquistar mesmo os jovens espectadores.

O realizador Sebastián Lelio bem define que hoje, quando homens e mulheres chegam aos 60 anos, não seguem as mesmas referências do passado. Não querem ficar em casa, para eles trata-se de uma nova fase da vida, na qual querem também se divertir, dançar e viver. Existem hoje, no mundo, muitas Glórias divertidas e alegres, capazes de superar os dissabores que surjam.

Os próprios corpos das cinquentonas e sexagenários parecem ter se rejuvenescido, tanto que o cineasta chileno não se priva de mostrar Glória e Rodolfo nus na cama, nos gestos do amor, sem cair no ridículo.

Glória não é bonita, mas acaba por conquistar a todos pelo prazer de viver que irradia, como nas cenas em que canta no carro, acompanhando as músicas que ouve no caminho para o trabalho.

Sebastián Lelio quis mostrar uma personagem feminina forte, tendo como pano de fundo o Chile de hoje, em rápida modernização, curado dos males de sua história recente em um processo de reconstrução. Como diz o próprio Lelio, o Chile é hoje um país em efervescência social, onde são frequentes as manifestações dos jovens nas ruas. E esse Chile, cujo povo não é indiferente à politica, aparece no filme sem interferir na história.

Lelio diz ter tirado sua inspiração de acontecimentos gerados pela própria vida de Santiago e de casos contados entre amigos. E não esconde sua admiração pela bossa nova brasileira, inserindo-a no longa como poesia do cotidiano.




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