Um dos temas levantados na conversa do Diário com o secretário de Cultura de São Bernardo, Osvaldo de Oliveira Neto, foi em relação ao que ocorreu com a Orquestra Filarmônica Vera Cruz. O grupo fez sua última apresentação em 15 de dezembro de 2011 e o poder público não mais se manifestou sobre a continuidade do projeto. Na época, o maestro Júlio Medaglia afirmou que estava procurando verba privada para ajudar na manutenção do grupo, mas que a Prefeitura precisava fazer sua parte para manter o programa.

Segundo Neto, a proposta existente veio em 2009 por meio de Medaglia e dizia que o Executivo bancaria dois anos de atividades do grupo, enquanto os dois anos adicionais seriam mantidos com a ajuda de empresas que entrariam no programa graças aos incentivos fiscais da Lei Rouanet. "O problema é que o plano foi aprovado, mas o dinheiro não foi captado. O município cumpriu com sua parte do acordo. No naipe da orquestra que foi criada, não havia condições da administração direta assumir gastos desse porte. O valor era muito grande", explica o gestor, ressaltando que, até o momento, não recebeu uma reclamação direta da sociedade civil quanto ao fim da orquestra. "Isso, de certa forma, nos dá um parâmetro."

A ideia do Executivo é aproveitar os encontros dos artistas locais para a montagem do Conselho Municipal de Cultura para ouvir dos talentos da cidade o que eles desejam que seja realizado na parte de música instrumental. "Grande parte das outras linguagens, como a capoeira, literatura e circo, já se organizou, mas percebemos que a parte ligada à música instrumental tem uma demanda que precisa ser ajudada". Durante a discussão, o secretário espera levantar temas como o fortalecimento de cursos de formação, a possibilidade de se montar um novo grupo - talvez uma orquestra de câmara - e o significado de a cidade ter sua própria orquestra.

Neto já deixa claro que estará receoso se surgir uma proposta nos mesmos moldes da Filarmônica Vera Cruz, sendo que a captação de recursos junto a empresas não foi realizada com a facilidade que imaginaram, mesmo tendo o respeitado nome de Medaglia como responsável. Ele diz que há dinheiro no orçamento da Pasta para começar esse diálogo com a população, porém o projeto antigo não se mostrou sustentável.

O fim do conjunto também mexe com o projeto da abertura do Centro Livre de Música, que funcionaria em parceria com o maestro e os integrantes da orquestra. O desenho da futura entidade cultural está sendo remodelado para que sua estrutura seja montada de maneira coletiva. A CLM seguirá os mesmos moldes dos centros de artes cênicas e audiovisual, mas ainda não há data para a abertura de suas atividades.