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Entre bravura e mentiras

'O Voo' mostra como vícios podem gerar mentiras capazes
de fazer alguém viver diariamente entre o céu e o inferno

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
08/02/2013 | 07:02
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Os tormentos de um herói moderno e problemático ganham novos ares e proporções quando seu maior feito encobre tragédias pessoais. É desenvolvendo essa ideia que o diretor Robert Zemeckis apresenta 'O Voo', que chega hoje aos cinemas brasileiros. O drama adulto mostra como os vícios podem gerar mentiras capazes de fazer alguém viver diariamente entre o céu e o inferno.

Após bons anos trabalhando em produções que misturam animação com captação de movimento de intérpretes reais, casos de 'O Expresso Polar' (2004) e 'Os Fantasmas de Scrooge' (2009), Zemeckis inicia a década de 2010 com o filme mais pesado de sua carreira. Ele deixa de lado as aventuras da trilogia 'De Volta Para o Futuro' e de 'Forrest Gump - O Contador de Histórias' para tentar enxergar o que se passa na mente do piloto de avião Whip Whitaker (Denzel Washington). Entre as centenas de horas de voo, ele está acostumado a balancear a lerdeza da embriaguez com a agitação causada após o uso de cocaína.

Mesmo sob o efeito do álcool e da droga, ele nunca teve problemas em serviço. Inclusive, seu enorme talento no comando de uma aeronave acaba sendo fundamental para evitar um desastre aéreo que termina com danos mínimos, mas com algumas mortes. À medida em que o piloto se torna um herói nacional, tudo está prestes a ruir diante da investigações sobre o motivo do acidente.

A certeza é de que Whip não passa de um homem triste. Entre a preparação do protagonista para o interrogatório do caso, a distância da família evidencia o que seria o principal motivo de seus vícios. Mesmo em momentos em que parece encontrar forças para combater os males, incluindo o inesperado romance com a fotógrafa viciada Nicole (papel de Kelly Reilly), ele se torna vítima da dura infelicidade.

A fraqueza do piloto é tamanha que sua alma cria fantasias que o fazem negar o fato de que tenha algum problema. É justamente no confronto entre o ego e o id do personagem que o enredo ganha força, ficando para as cenas finais, no depoimento de Whip, a revelação do vencedor: o herói ou o mentiroso. Diversos embates dão pontos para o certo e para o errado ao longo do filme, aumentando as dúvidas para a resolução do caso.

A qualidade de 'O Voo' se deve muito a Denzel Washington. Os trejeitos acoplados ao trabalho e às mudanças constantes de humor lhe renderam mais uma indicação ao Oscar de melhor ator neste ano. Mas é difícil saber se sua viagem irá tão alto assim.




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