O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), sofreu ontem a segunda derrota na Câmara. Na eleição para presidência da Casa, em 1° de janeiro, o bloco de oposição elegeu Donizeti Pereira (PV). E na sessão de ontem ficou definido que os contrários ao governo petista vão comandar as duas principais comissões permanentes do Legislativo.

Constituição e Justiça será presidida por Luiz Zacarias (PTB) e Finanças e Orçamento ficará sob o comando de Almir Cicote (PSB). A situação da gestão Grana na Câmara não será nada fácil. Projetos de interesse do petista tendem a ter um período de tramitação além do esperado, aumentando a queda de braço entre governo e oposição.

O quadro evidencia o enfraquecimento na relação entre o chefe do Executivo e os parlamentares, fruto de uma relação que não se consolidou após a eleição. Embora tenha aberto a administração a aliados, Grana está beneficiando apenas os partidos que integraram a coligação partidária do primeiro turno ou aliados que agregaram na segunda fase do pleito. PTdoB, PV, PMDB e PSB, por exemplo, estão fora da lista de agraciados com cargos no Executivo.

No plenário da Câmara, os vereadores pregaram clima de representação igualitária nas comissões, mas nos bastidores o clima entre os vereadores governistas era de tensão, pelas dificuldades que serão enfrentadas de agora em diante.

Nos corredores da Casa também era evidente o clima de falha na articulação governista para reverter a derrota sofrida na eleição para presidente da Câmara.

A definição das comissões foi a principal pauta da Casa ontem. O grupo de Segurança Pública ficará com Edson Sardano (PTB). As comissões de Desenvolvimento Urbano e de Saúde e Saneamento Básico, Ecologia e Meio Ambiente também devem ser comandadas por vereadores oposicionistas - ainda não foram anunciados os líderes. Os apoiadores de Grana devem ter o comando apenas das comissões de Educação e Cultura, com Bete Siraque (PT), e Cidadania, Direitos Humanos e Assistência Social, a cargo de Eduardo Leite (PT).

Líder da bancada do PT, Bete Siraque minimizou os efeitos da derrota. "Acreditamos que isso não atrapalha, porque apostamos no diálogo entre as bancadas e do governo com os vereadores da Casa", disse.

Oposicionista, o vereador Ailton Lima (PTB) enalteceu o resultado na definição das comissões. "Usando um ditado popular: a Casa fez barba, cabelo e bigode."

Para o líder da bancada petebista, Edson Sardano, a Câmara se consolidou como poder independente. "Precisamos colocar uma pedra nessa obrigação de o prefeito ter maioria na Câmara. Isso é afronta à democracia."