A taxa média de juros aos consumidores atingiu menor patamar histórico em outubro, com 5,50% ao mês, contra 5,81% registrados em setembro. A informação é da pesquisa de juros da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), que teve início em 1995.
Os juros do rotativo do cartão de crédito tiveram grande contribuição no resultado. Pela primeira vez na pesquisa, a taxa ficou abaixo dos dois dígitos, com 9,37% ao mês, contra 10,41% em setembro.
As outras cinco modalidades que compõem o estudo também puxaram para baixo o resultado geral, tendo em vista que todas caíram. Dentro desse grupo, quatro também atingiram o menor patamar histórico. São elas: juros do comércio, financiamento de veículos e empréstimos das financeiras e dos bancos.
Segundo o diretor executivo de estudos financeiros da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, a tendência é que as taxas continuem caindo neste e nos próximos meses. "Sem variações muito expressivas", previu.
Ele explica que a pressão que o governo federal exerceu sobre o setor bancário ainda mostra seus resultados. Oliveira se refere ao BB (Banco do Brasil) e à Caixa Econômica Federal, que em abril iniciaram competição pelas menores taxas de juros em várias linhas voltadas ao consumo. Para não ficar para trás, instituições financeiras privadas acompanharam as públicas e compactaram os custos de suas operações de crédito.
Prova de que os bancos privados não querem perder a disputa foi o resultado da pesquisa referente ao cartão de crédito. A retração de 1,04 ponto percentual na taxa média mensal do plástico foi, basicamente, por conta das quedas que o Bradesco promoveu em seus cartões no mês passado, afirmou Oliveira.
"Esta foi a maior diminuição da taxa média do cartão de crédito apurada pela pesquisa. E foi puxada pelo Bradesco, tendo em vista que as reduções do BB e da Caixa refletiram na queda de setembro", explicou Oliveira.
Professor de Finanças da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), FIA (Fundação Instituto de Administração) e Saint Paul Escola de Negócios, Mário Amigo concorda que os juros, por alguns meses, continuarão caindo.
O especialista, porém, pondera que a situação está apertada. "Eu não vejo novas reduções no patamar das que já aconteceram. Isso porque o lucro dos bancos já foi afetado (conforme os balanços das instituições), e eles têm que prestar contas para os seus investidores", disse Amigo. Ele entende que os bancos já se reestruturam para compensar a desaceleração dos lucros com compensações por meio de outros segmentos, como seguros e previdência.
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