Nando Reis está de volta com Os Infernais. Romântico como sempre, e com um belo e sujo rock and roll que permeia boa parte das 15 canções de 'Sei', que ele acaba de lançar.

O disco está disponível apenas no site do músico (www.nandoreis.com.br). O preço varia. Essa semana está custando R$ 16,05. Quem afere o valor é o público, que ouve as canções online e revela quanto pagaria por elas. A média dos valores dá o preço do álbum a cada semana.

Na receita, ingrediente primordial, para o cantor, foi o produtor Jack Endino (que já assinou trabalhos do Nirvana e do Soundgarden). "O produtor é peça fundamental para a captação do som, é ele quem traduz o espírito da banda e a essência de sua natureza, para a linguagem dos timbres. O produtor é o intérprete do artista", conta ele no material de divulgação da obra, que foi gravada em Seattle, nos Estados Unidos.

Entre crônicas da vida, declarações de amor e paisagens que só sua caneta sabe criar, repletas de imagens difusas, o cantor e compositor costura uma colcha de casos afetivos. Com a vida, as coisas e os outros.

'Pré-Sal', que abre os trabalhos, vem cheia de histórias alheias. São sete minutos falando de lagostas, inhames, periquitos, sapatos, elefantes, chinelos, São Jorge e Dalva de Oliveira. Mas funciona, em muitos momentos, essa evocação de imagens e causos de todos os tempos, que termina com o arrebatador trecho: "Crer em Cristo não é / o meu signo de fé / eu me viro / dou ré e sigo em frente".

As baladas, entre elas 'Sei', 'Pra Quem Não Vem' (com participação de Marisa Monte) e 'Declaração de Amor' têm apelo irresístivel. Nando tem mel para falar da vida a dois.

A coisa muda um pouco em 'Eu e A Bispa', com forte crítica às instituições religiosas e boa pegada suingante. Ao fim da jornada, repleta de temas que cabem na história de cada um, o existencialista reggae 'Lamento Realengo' evoca a beleza do que temos e perdemos. Sob o generoso olhar de um cara que sabe enxergar a riqueza de todos os aspectos da vida.