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Ao sabor do caminho

Jornalista Paula Fontenelle lança seu 1º livro de ficção,
escrito a quatro mãos, de cartas trocadas entre ex-casal

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
05/11/2012 | 07:30
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Deixando de lado as fontes, os dados e a imparcialidade, abrindo espaço para torrente de emoções e surpresas tomarem conta da sua escrita, a jornalista pernambucana Paula Fontenelle lança seu primeiro romance, 'Fim de Tarde com Leões' (Geração Editorial, 272 págs., preço médio R$ 30).

A obra, escrita em parceria com P. W. Guzman, heterônimo de um homem que prefere manter o anonimato, será lançada oficialmente na quarta, na Livraria da Vila (Rua Fradique Coutinho, 915, São Paulo. Tel.: 3814-5811), das 18h30 às 21h30.

Depois de dois livros reportagens, um sobre a Guerra do Iraque e outro sobre suicídio (finalista do Prêmio Jabuti 2009), Paula, que já foi diretora de redação do Diário, decidiu lançar-se na ficção em companhia. Enquanto ela assumiu a protagonista do romance, Lúcia, a Guzman coube criar Pedro. Durante um ano eles trocaram cartas assinando pelos personagens, um ex-casal marcado pelo fim do relacionamento e a morte do filho.

"Nunca achei que conseguiria escrever ficção, acreditava que seria muito difícil inventar histórias e personagens, mas esse trabalho foi diferente do que imaginava, muito prazeroso. Tinha ao espera do que viria do outro lado. Nós nos colocamos muitas vezes em armadilhas. Eu ria e pensava como ele iria se virar para sair das situações que eu criava. E assim também acontecia comigo", revela Paula, que até o dia em que recebeu carta de Pedro comentado a morte do filho em um acidente de carro, aos 14 anos, pensava que o havia perdido por aborto espontâneo.

"Não demos nenhum direcionamento ao processo criativo, não sabíamos o fim da história. Cada um estava livre para criar seu personagem."

Enquanto discorrem sobre o passado, remontam o fio da meada de suas histórias e do fim da vida em comum, Pedro e Lúcia - ela principalmente - se organizam para o que virá. Entre saudades, crônicas e opiniões sobre os tempos, eles se revelam, palavra por palavra, mais do que ex-marido e ex-mulher. Mostram-se humanos em busca do melhor caminho a trilhar. Talvez juntos. Ou não. "Eles tentam voltar a ser o que eram antes da morte do filho. Procurar Pedro, para Lúcia, é como fechar uma porta, chegar ao ponto final e poder se reconstruir. Em nenhum momento eles têm certeza de que seria bom se reencontrarem, mas seguem em busca da resposta que precisam."

Paula, que estuda psicanálise, conta que o exercício dessa criação traz o contato com duas de suas paixões: a psique e a palavra. "A grande ferramenta do jornalista e do psicanalista é a palavra. É um hábito antigo meu querer saber tudo o que está por trás das palavras. Os meus três livros, principalmente os dois últimos, têm um pouco a ver com o meu interesse pela cabeça, os sentimentos mais profundos e a intensidade das emoções das pessoas."




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