Setecidades Titulo Negligência
Gestante perde bebê e acusa Samu de demora
Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
30/10/2012 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


A família da gestante Roberta Vieira de Castro, 22 anos, moradora do Jardim Santo André, acusa de negligência médica o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) da cidade.

Segundo relatos de parentes ao Diário e à polícia, a equipe teria sido acionada pelo telefone na manhã de quinta-feira para socorrer a moradora, que estava grávida de nove meses e teve princípio de hemorragia e muitas dores. Porém, segundo parentes e vizinhos, a ambulância só teria chegado duas horas depois, por volta de 11h. A paciente foi resgatada ao Hospital da Mulher, de onde recebeu alta médica ontem. O bebê não resistiu.

Quase inconsciente por conta das dores e perda constante de sangue, Roberta pouco se lembra do período em que foi obrigada a esperar por socorro. "Não sentia mais nada. Não entendia o que estava acontecendo."

Emocionada, a mãe informou que os médicos do hospital teriam dito que a demora no atendimento foi determinante para a morte da criança. A hemorragia começou após a ruptura da placenta, que envolve e protege o bebê.

No dia do ocorrido, logo cedo, Roberta conta que foi ao posto de Saúde do bairro para passar por exames de urina e de sangue, que estavam agendados. Quando retornou para casa, resolveu descansar. "Deitei e senti as dores, e o sangue desceu. Foi quando todos começaram a chamar por socorro", disse a moradora, que é mãe de menina de 4 anos.

A aposentada por invalidez Maria Rosita Vieira da Silva, 48, mãe da paciente, afirma que até um policial militar tentou ajudar, mas sem sucesso. "Ele foi até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro, pediu que uma médica atendesse minha filha em casa, mas ela disse que estava fazendo curativo e que não poderia ir. Ficamos revoltados. Meia hora depois chegou a ambulância, mas já era tarde."

O caso foi parar no 5º DP (Parque Novo Oratório), onde a mãe e a cunhada de Roberta registraram boletim de ocorrência. Todas as informações relativas à negligência e demora no atendimento constam no documento.

Segundo o chefe dos investigadores, Armando Correia, assim que a mãe estiver em condições emocionais de prestar depoimento será instaurado inquérito policial para investigação do caso. "O primeiro passo é ouvir a mãe. Depois, vamos apurar a que hora foi solicitado esse atendimento e ouvir todos os envolvidos." Funcionários do Samu identificados pela família serão intimados a prestar depoimento para esclarecimento.

Atordoada, Roberta ainda não sabe se irá processar a Prefeitura pela morte repentina da filha que esperava. "Só não quero que aconteça com outras pessoas. É revoltante saber que tudo corria bem e de repente algo acontece por total negligência."

Procurada na manhã de ontem, a Prefeitura prometeu resposta para o fim da tarde, mas não se pronunciou.




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