O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), é o quarto petista que mais recebeu recursos do diretório nacional da sigla entre os prefeituráveis da legenda nas capitais. Marinho só perde em volume de investimento eleitoral para Elmano de Freitas da Costa, de Fortaleza (CE), Humberto Costa, de Recife (PE), e Fernando Haddad, nome do PT à prefeitura de São Paulo.

O chefe do Executivo de São Bernardo registrou receita de R$ 4,3 milhões em 60 dias de campanha, segundo dados fornecidos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Desse valor, R$ 1,2 milhão provém de doação da cúpula nacional do PT - 27% do total (veja lista completa na arte ao lado).

Alçado à disputa paulistana por manobra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Haddad angariou R$ 9,7 milhões dos cofres petistas. Ele é a aposta de Lula para reconduzir o PT ao comando da maior cidade brasileira depois de oito anos (a última prefeita petista foi Marta Suplicy, entre 2001 e 2004). Não à toa, lidera a lista de agraciados com dinheiro do petismo nacional.

Em seguida aparece Elmano. Ele declarou ter obtido R$ 2,5 milhões de recursos do diretório nacional. Apesar do volume financeiro e do apoio da atual prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), o prefeiturável ainda não decolou nas pesquisas de intenção de voto. Pelo estudo realizado pelo Ibope e divulgado no fim de agosto, Elmano aparece somente na sexta colocação, com 6% de citações - o líder, Moroni Torgan (DEM), tem 31%.

Outro nome colocado na disputa municipal pelas mãos de Lula, Humberto Costa, do Recife, surge na terceira posição entre prefeituráveis petistas nas capitais com receita impulsionada por verba do diretório do PT. Ex-ministro da Saúde no governo de Lula, ele contabilizou R$ 1,7 milhão de recursos do partido.

A candidatura de Humberto Costa foi recheada de polêmica e intervenção de caciques petistas. A pedido do governador do Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o PT retirou o prefeito de Recife, João da Costa (PT), na briga pela reeleição. Campos alegava que, com João da Costa, parceria entre PT e PSB seria inviável. O imbróglio quase parou na Justiça comum. Terminou com o PT lançando Humberto Costa - como queria Campos - e o PSB apostando em Geraldo Júlio na corrida majoritária. Na última pesquisa feita pelo Ibope e divulgada dia 3, Geraldo Júlio apareceu à frente de Humberto Costa: 33% a 25% das intenções de voto.

PRIVILEGIADO

Marinho recebeu mais verba do PT nacional do que integrantes do alto escalão do partido. O prefeito de São Bernardo, por exemplo, angariou mais recurso que Patrus Ananias (PT), candidato da sigla em Belo Horizonte (MG) e ex-ministro de Desenvolvimento Econômico - ele obteve R$ 807,5 mil.

Outra ex-integrante do primeiro escalão do governo federal, Iriny Lopes (PT) deixou a Secretaria de Políticas para Mulheres na gestão de Dilma Rousseff (PT) para brigar pela administração de Vitória (ES). Para isso, recebeu R$ 570 mil do PT nacional.

O senador Wellington Dias (PT), prefeiturável em Teresina (PI), também está atrás de Marinho no quesito verba do diretório nacional. Ele foi agraciado com R$ 760 mil para tocar os dois primeiros meses de campanha.

Prefeito arrecada R$ 2 milhões em almoço

Quase metade de toda a arrecadação declarada pelo prefeito de São Bernardo e candidato à reeleição pelo PT, Luiz Marinho, para o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é fruto de um almoço organizado pela cúpula petista para angariar fundos para a campanha eleitoral do atual chefe do Executivo.

Realizado no dia 22, no Centro Equestre de São Bernardo, na Estrada Marco Polo, o evento contabilizou R$ 2,06 milhões - 47% da receita total informada por Marinho. Cada ingresso foi vendido a R$ 25 mil e 81 pessoas se dispuseram a pagar pelo convite, segundo Arquimedes de Mesquita, tesoureiro da campanha à reeleição do prefeito. Marinho evitou comentar questões financeiras de sua empreitada à reeleição. "Quem fala sobre isso é a tesouraria. Não vou me ater a isso."

O mesmo artifício foi utilizado pelo prefeiturável do PT de Santo André, Carlos Grana. Na segunda-feira, o petista montou jantar em um tradicional restaurante no bairro Jardim e, com convites individuais no valor de R$ 10 mil, arrecadou R$ 900 mil no total. O evento foi recheado de empresários da cidade.

A candidata à Prefeitura de São Caetano pelo PTB, Regina Maura Zetone, também vai organizar jantar para angariar fundos para sua campanha. Local e data ainda estão sendo definidos pela cúpula do partido, mas já se sabe o valor que será cobrado pelo ingresso: R$ 2.500. (Colaborou Rogério Santos) RR

Petistas lideram receita no Grande ABC

Três prefeituráveis do PT no Grande ABC contabilizaram o maior volume de arrecadação nos 60 dias de campanha eleitoral entre os 36 candidatos da região. Os prefeitos de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), e de Diadema, Mário Reali (PT), além do aspirante do partido em Santo André, Carlos Grana, encabeçam a lista dos postulantes majoritários em arrecadação.

Marinho lidera o ranking de campanha mais cara da região isoladamente. Recebeu R$ 4,3 milhões e gastou R$ 3,9 milhões - saldo positivo de R$ 368,8 mil. Grana aparece na segunda posição, com receita de R$ 1,05 milhão e despesa de R$ 777,2 mil. Reali, por sua vez, declarou ter angariado R$ 886,8 mil e gastado R$ 826,8 mil (veja lista completa ao lado).

Os dados preliminares fornecidos ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) apresentam que há candidatos no Grande ABC despendendo volume financeiro maior do que arrecadado. Casos dos prefeituráveis de Santo André Aidan Ravin (PTB, R$ 101,8 mil de deficit) e Nilson Bonome (PMDB, R$ 195,7 mil negativos); dos postulantes de Mauá Vanessa Damo (PMDB, R$ 224,3 mil negativos) e Donisete Braga (PT, R$ 443 mil negativos); e dos candidatos majoritários de Ribeirão Pires Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS, R$ 170 mil negativos), e Maria Inês Soares (PT, R$ 145,1 mil no vermelho).

O TSE disponibilizou também informações sobre a campanha de Edgar Nóbrega, ex-prefeiturável do PT de São Caetano. O petista tinha arrecadado R$ 79,3 mil e investido R$ 61,2 mil. RR