Artigo

O filme Getúlio é bom pretexto para escrever sobre Carlos Lacerda. No ano do centenário de seu nascimento, a trajetória política do homem que despertou o ódio e a admiração de milhões de brasileiros dos anos 1940 aos 1970 merece ser lembrada adequadamente. O ‘demolidor de presidentes’, líder civil mais destacado do golpe de 1964, nasceu no Rio de Janeiro em 30 de abril de 1914 e morreu aos 63 anos. Conhecido por sua oratória, Lacerda foi também governador do então Estado da Guanabara entre 1961 e 1965.

Carlos Lacerda não chegou a ser presidente do Brasil, mas perseguiu intensamente esse objetivo. Era nome certo na disputa presidencial marcada para 1965, com Juscelino Kubitschek, que antes de sair do cargo em 1961, já arquitetava sua volta. Seria o maior embate da história política do País que o próprio Lacerda ajudou a adiar. Na Guerra Fria, o ex-comunista Lacerda defendeu, de forma incisiva, o bloco capitalista – e combateu com igual empenho o lado de lá. Um golpista? Sem dúvida: contra Getúlio em duas vezes; contra o eleito Juscelino Kubitschek; contra Jânio Quadros; contra a posse de João Goulart e, finalmente, em 1964.

Após o golpe, o arrependimento? Estendeu a mão a JK – cuja eleição quis adiar e cujo governo atacou ferozmente – e a Jango, que combatera com igual empenho. Acusado de incoerência, Lacerda, quando questionado sobre possível encontro com o comunista Prestes, respondeu: “O senhor Luis Carlos Prestes não morde ninguém (...) eu tenho absoluta tranquilidade quanto às minhas ideias de maneira a poder me encontrar com qualquer pessoa e discutir até para chegar à conclusão de que não podemos nos entender (...) nunca tive medo dos comunistas (...) eu prefiro um partido comunista defendendo suas ideias dentro da lei do que um partido comunista fora da lei conspirando contra a lei. É evidente. Isso acontece em toda parte do mundo. (...) Quem tem medo do comunismo deve trabalhar pela democracia e não substituir a democracia por uma ditadura”. Nascia, em 1967, a Frente Ampla pela volta da democracia. Ilegal para o regime, não prosperou.

Seria equívoco ignorar Lacerda e torná-lo, apenas, o vilão da história. Contudo, parece-me estranho que sua pregação, embora não exatamente seus métodos, seja reatualizada pela oposição. Progresso elitista, frio e estritamente econômico ronda nosso debate político. Seria atraso ou ignorância? Fica evidente que Carlos Frederico Werneck de Lacerda merece mais que um artigo.

Thiago Rocha de Paula é bacharel e licenciado em História pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Palavra do leitor

Vai mal
A produção industrial no Brasil teve a segunda queda seguida em abril. Desejo que a população fique atenta e lembre muito bem dessa notícia em outubro. Não se engane, o Brasil vai de mal a pior. Conclamo o povo a torcermos sim pela nossa Seleção, que nada tem a ver com tudo que vai mal no País. Não sou hipócrita de dizer que não vou assistir aos jogos. Vou assistir, torcer, gritar e quero muito que o Brasil seja campeão, porém, não vou me esquecer de como o País anda quanto à Saúde, à Educação e à Segurança. Em outubro dou meu voto contra todos que estão contra nossa Nação.
Rosângela Caris
Mauá

Administradora
Quando será que a Brooksfield, ‘administradora’ do trânsito de Santo André, irá liberar o farol do Ipiranguinha, em frente ao Corpo de Bombeiros? Só quem precisa é que pode avaliar a falta que ele faz. Logo fará um ano de sua interdição e nada de ser liberado. Está tudo pronto, mas nada. Parece que a empresa é quem manda na Prefeitura. Até quando ficaremos reféns?
Sebastião Oliveira
Santo André

Pão e circo
Infelizmente, no Brasil, se o povo não acordar, é e será assim: modernos estádios, mas nada de escolas, hospitais, Transporte, Segurança. A política do governo, mais do que nunca, é ‘pão e circo ao povo’. Pão porque o salário é tão ridículo que tem de ser complementado com cesta básica para não morrermos de fome, vale-transporte para não faltarmos ao serviço e outras esmolas. E circo com muitos shows grátis em datas festivas junto ao espetáculo do futebol apresentado em modernos palcos padrão Fifa. Enquanto grande parte do povão, anestesiada e cega pelo mundo da bola, der ao futebol o valor que ele não tem, oportunistas, corruptos e parasitas estarão felizes com tudo, fazendo com que continuemos de terceiro mundo. Acorda, Brasil!
Nilson Martins Altran
São Caetano

Contramão
Por favor, departamento de trânsito de São Bernardo, fiscalize a rua que dá acesso ao estacionamento do Hospital de Clínicas, pois tem funcionário trafegando na contramão, desrespeitando as normas de trânsito.
Alberto Moreno
São Bernardo

Rudge Ramos
A Avenida Dr. Rudge Ramos, no Rudge Ramos, em São Bernardo, é mais uma via pública na qual os motoristas fazem suas próprias leis, sem respeitar a sinalização. Estava na via, à direita, e fui fechada por carro que queria entrar na Rua Maria Alves Lorenzoni para fugir do trânsito. Só que essa via é contramão, a placa está lá. Logo, o motorista não só me prejudica como, se tiver veículo saindo, haverá batida de frente. O farol do cruzamento com a Estrada das Lágrimas é outro show de desrespeito. Os veículos da Dr. Rudge Ramos, no sentido Anchieta, não conseguem passar porque os outros carros param no cruzamento. Se o motorista certo buzina, ainda leva xingamento. Que tal câmera de segurança para fiscalizar os maus motoristas e ajudar os bons condutores?
Eliandra Mara Caparroz
São Bernardo

Resposta
Em resposta à carta do leitor Davi Marques (Há 60 dias, dia 3), trata-se de semáforo instalado às custas do empreendimento habitacional em construção na Avenida André Ramalho, em atendimento às medidas mitigadoras a eles imputadas pela Prefeitura de Santo André para atender à demanda gerada no local. O empreendimento está antecipando a instalação, visto que ainda não está pronto, e deve ser colocado em funcionamento nos próximos dias.
Prefeitura de Santo André