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Violência e ‘brasilianização’ do mundo

E se o mundo inteiro virasse imenso Brasil? Seria pesadelo ou utopia? Seria o mar virando sertão ou o sertão virando mar?

Do Diário do Grande ABC
04/05/2014 | 08:55
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Artigo

E se o mundo inteiro virasse imenso Brasil? Seria pesadelo ou utopia? Seria o mar virando sertão ou o sertão virando mar? E se em lugar da tão sonhada escandinavização nosso País se transformar em padrão mundial do capitalismo selvagem, da desigualdade, da injusta distribuição e concentração de renda, da miséria, dos empregos instáveis, do precariado, da violência epidêmica, do desprezo pelos mais fracos (pretos, pardos, pobres), da prostituição de menores, dos linchamentos, da violência policial, da prisão sem critério...

Em síntese: e se o mundo se ‘brasilianizar’ em seu lado trágico? Em certo sentido, é precisamente isso o que já está ocorrendo, posto que o Brasil, com 16 cidades, é o campeão mundial no ranking das 50 mais violentas do planeta (com mais de 300 mil habitantes). Depois do Brasil aparecem México, Colômbia, Venezuela, Estados Unidos, África do Sul, Honduras, El Salvador, Jamaica, Guatemala, Haiti e Porto Rico.

Do primeiríssimo grupo do IDH muito elevado (aí temos 47 países), como se pode notar acima, somente aparece um único país: Estados Unidos (com quatro cidades). Todas as demais nações pertencem aos outros grupos do IDH (não fazem parte da elite dos mais desenvolvidos). Isso vai ao encontro da nossa hipótese de trabalho de que a violência está, desde logo, vinculada à desigualdade (que marca todos os países acima, como se vê pelo índice Gini alto, incluindo-se os Estados Unidos, com taxa de 0,45) – a desigualdade, de qualquer modo, não é a única causa da violência.

A América Latina é a região mais sangrenta do mundo (com 86% do total, é a lixeira do mundo, em matéria de política criminal, violência e Segurança). San Pedro Sula (Honduras) é a cidade mais violenta do planeta, com 187 assassinatos para cada 100 mil pessoas. Ou seja: ela é quase 180 vezes mais violenta que a média de homicídios (1,1) dos 18 países ‘escandinavizados’ (Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia, Islândia, Holanda, Bélgica etc.). O levantamento revela que a violência nas cidades mencionadas é de três a 18 vezes mais que a taxa epidêmica reconhecida pela OMS-ONU: dez para 100 mil pessoas.

As reações contra essa triste realidade nacional (que está brasilianizando várias partes do mundo) são sempre burocratizamente padronizadas: as autoridades sempre garantem que estão adotando medidas para reduzir a violência. Na verdade, estão sempre enxugando gelo com toalha quente, porque enquanto não reduzirmos nossa desigualdade socioeconômica, mediante a massiva escolarização de qualidade e a melhora na renda per capita, nada vai mudar de forma significativa e sistemática.

Luiz Flávio Gomes é jurista e diretor-presidente do Instituto Avante Brasil.

Palavra do leitor

Só para eles
O prefeito e os vereadores de Diadema aumentaram o próprio salário (Política, dia 26). Mas a cidade continua abandonada! É comum encontrar praças e ruas com mato alto e paisagismo degradado. O trânsito está cada vez pior. Entra prefeito, sai prefeito e nenhuma obra de Mobilidade é executada. Até quando Diadema irá sofrer? Será que não existe algum vereador que fará algo pelo município? Apenas pagamos impostos para que os mesmos aumentem os seus salários, enquanto desfrutamos de parques e praças abandonadas?
Rafael Parejo
Diadema

Vou tomar!
Agradeço ao secretário de Saúde de São Caetano, Mario Chekin, que, a partir de minha carta neste espaço (Quero tomar, dia 29), interveio e tornou possível que eu possa tomar a vacina contra a gripe. Espero que o secretário continue esse trabalho na Saúde da nossa cidade.
Fernando Zucatelli
São Caetano

Haitianos
É revoltante o que o governo do Acre está fazendo, mandando os haitianos para São Paulo. Por que será que isso está acontecendo? De qual partido é mesmo esse governo? E o pior é que as viagens custam o que estão dizendo, milhões de reais. Entendo que em situação assim os governantes deveriam se unir e abraçar a causa de forma respeitosa, pois são seres humanos sendo jogados de um lado para outro. Tome atitude, presidente Dilma Rousseff!
Rosangela Caris
Mauá

Sabesp
Estou com vazamento de água bem em frente à minha casa e já fiz a solicitação para conserto junto à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). Pensava ser de esgoto, em virtude de ser bem próximo à tampa do bueiro. No dia 27, veio equipe responsável por esgoto e, de bate-pronto, constatou que se tratava de vazamento de água. Equipe prestativa! Fotografou o ponto do vazamento, o número de minha residência. Perfeito! Já atingimos o tempo solicitado para o conserto, e nada! O vazamento é de água, o líquido que tanto nos pedem para economizar. Fala sério! E esse vazamento? A água não vai fazer falta?
Alberto Moreno
São Bernardo

O sono dela
Dilma Rousseff afirmou que não perde o sono por causa da Petrobras e que ‘é injusto manchar dessa maneira a imagem da empresa que mais investe no Brasil, por erros de funcionários’. Erros de funcionários? Como assim? Quem manchou a imagem da empresa foi quem assinou, sem ler, documentos importantes, redundando em compra prejudicial à empresa, e quem acoberta ‘erros’ que implodem o patrimônio do povo? Aí a gente lembra daquela frase: ‘Cala a boca, Magda!’
Aparecida Dileide Gaziolla
São Caetano

Os tecnocratas
Sobre reportagem neste Diário (Setecidades, dia 30), observei que a Prefeitura de Santo André mandou meia dúzia de tecnocratas (engenheiros, arquitetos e economistas) para conhecer e elaborar projeto de revitalização do Parque Guaraciaba, onde fica o Tancão da Morte. Eles vão pensar em algo em torno de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões. É inviável! Se o Paço mandar para lá meia dúzia de moradores da região, crianças, jovens e adultos, terá projeto em torno de R$ 100 mil. Prefeito Carlos Grana, cuidado com os tecnocratas. Eles detestam coisas simples. Na cabeça deles só prosperam projetos mirabolantes e, aí, realmente, não há dinheiro que dê conta.
Elias Stein
Santo André




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