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Tradição e Lírios brigam pelo título da Folia andreense

As duas escolas surpreenderam na Avenida Firestone; campeã será conhecida amanhã

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
04/03/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


O embate entre um desfile tradicional, tecnicamente perfeito e com alegorias exuberantes, e outro inovador, com surpresas que empolgaram o público, marcará a disputa pelo título do Carnaval de Santo André neste ano.

O público que lotou as arquibancadas da Avenida Firestone na noite de domingo e madrugada de ontem viu de perto o duelo direto entre Lírios de Ouro e Tradição de Ouro.

Pantera Negra, Cidade São Jorge e Ocara Clube já haviam se apresentado quando a Tradição desfilou e aumentou as expectativas do dia, que já eram altas. Cantando sobre a história do povo negro, a agremiação do bairro Santa Terezinha foi além dos temas africanos e apostou na brasilidade. E foi aí que surpreendeu. O terceiro carro, representando botequim, contou com a família do cantor andreense Péricles, ex-vocalista do Exaltasamba, tocando samba, além de barman fazendo malabarismos com garrafas. Na sequência, uma ala inteira de capoeiristas cruzou a passarela gingando e jogando, envolvendo até o Rei Momo Valter Pinto.

“A gente sempre pensa e coloca na avenida algo diferente, inovador”, disse o presidente, Luiz Roberto Gomes, o Luizinho.

O público não poupou gritos e palmas para o recuo dos 75 ritmistas da bateria feito no meio da Firestone, de maneira surpreendente e eufórica por parte dos próprios componentes. Foi a única escola a ousar dessa forma na Folia deste ano.

“A gente tinha que esperar as outras alas passarem”, minimizou mestre Tiquinho. Luizinho, no entanto, garante que tudo foi intencional. “Planejamos desde o início”, disse.

Enquanto os componentes da Tradição ensaiavam o grito de campeão na dispersão, a Lírios de Ouro entrava no outro lado da Firestone com o peso de defender o título conquistado em 2013. Para isso, a aposta foi grande: 600 integrantes e uma festa com custo de R$ 95 mil. “É para ser campeã, não espero outro resultado”, disse o presidente, Emerson Ceccato.

A meta foi cumprida. A escola da Vila Vitória apresentou alegorias caprichadas, abusou acertadamente do colorido, do jogo de cores no enredo sobre festa e alegria. Chamou a atenção o segundo carro, que representava doces, com muito branco, chamativo, esplendoroso.

As alas infantis, uma tradição da escola, não ficaram para trás. A primeira delas representou os cozinheiros infantis.

Na segunda, mostrou os pequenos dançarinos de frevo, dança típica pernambucana. Todos alunos de instituições filantrópicas andreenses e de Mauá, que tiveram apenas um dia para ensaiar com o professor Vinícius Araújo. E cumpriram a meta.

Para coroar um desfile tecnicamente perfeito, a Lírios levou à avenida o casal de mestre-sala e porta-bandeira mais novo do Carnaval. Os irmãos gêmeos Ana Júlia e Matheus, 6 anos, arrancaram aplausos até dos jurados.

“Foram 40 crianças ao todo, uma preparação de quatro meses e o resultado veio”, disse Émerson. “Agora deixamos a decisão nas mãos dos jurados. Mas digo que nossa parte foi feita.”

A campeã do Carnaval andreense será conhecida amanhã. A apuração começa às 14h, no ginásio do bairro Camilópolis.

Desfile da Cidade São Jorge emociona

Emocionante. Assim foi o final do desfile da Cidade São Jorge, a segunda escola a entrar na passarela. A expectativa era alta, visto que o barracão da escola foi invadido semanas antes e alegorias e estátuas foram destruídas por vândalos.

O presidente, Luís Carlos Lino, não segurou as lágrimas. Ajoelhou-se e logo foi abraçado por integrantes da escola, que correu em cima da hora para recuperar as alegorias prejudicadas.

“Não tenho nem o que falar”, disse. “É muito bom tudo isso, essa emoção que a gente vive. Superamos isso, agora o que vier pouco importa. Por mim já somos campeões.”

A escola, que defendeu o enredo O Auto da Barca do Inferno, foi a única a se apresentar sob garoa, que atingiu a Firestone por cerca de 15 minutos finais do desfile.

Ao lado da Vila Alice, que fechou o Carnaval, foi uma das que contaram com a maior presença de torcida própria.

Presidente da Seci ‘salva’ alegoria

Sujo de graxa, suado e com a sensação de dever cumprido. Assim o presidente da Seci, Ricardo Bastos Pereira, o Ricca, terminou o desfile, o sexto da noite. Eterna favorita, a escola do Jardim Rina cantou a história das festas africanas. Mas teve problemas no primeiro carro, cujo eixo quebrou. O mandatário não teve dúvidas, foi para baixo da alegoria e, com as mãos, de forma heroica, conseguiu fazer com que cruzasse a linha final.

“Não pode deixar o ego falar mais alto”, disse. “Isso aqui é uma família, por isso tenho orgulho de ser desta escola. Aqui é dessa forma, o presidente empurra carro se for preciso.”

Apesar do susto e dos 15 minutos de atraso para o início do desfile, a Seci conseguiu cumprir o horário limite de 60 minutos de desfile. E brilhou com fantasias chamativas e muito bem caracterizadas, além de uma parada estratégica da bateria, que abriu caminho para o som dos tambores africanos.

“Foi o resultado de três vezes por semanas de ensaio. E saiu tudo maravilhosamente bem. Pena que tivemos esses problemas técnicos, mas a bateria fez a sua parte”, disse mestre Tânia.

Leões do Vale e Ocara Clube têm problemas na evolução

O atraso no caminhão que transportava as fantasias custou 35 minutos do desfile da Leões do Vale. A escola precisou correr para cumprir o horário. Mas a comissão de frente largou antes e a agremiação deve ser punida. No Ocara Clube, a situação foi outra. Bem tecnicamente em desfile sobre os signos do zodíaco, a escola passou rápido, chegou em 38 minutos e precisou enrolar no final para cumprir os 50, tempo mínimo exigido no regulamento.

Prefeito Grana tira fotos e samba com as agremiações

O prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), esteve novamente com o secretariado e a primeira-dama, Fátima Grana, na Folia, que desta vez recebeu a visita do deputado estadual Alex Manente (PPS). Carismático, Grana tirou fotos e brincou com a corte do Carnaval, acompanhou as primeiras escolas no chão e encerrou os desfiles da cidade sambando atrás da Vila Alice e interagindo com o público.

Segunda noite de desfiles tem público de 20 mil pessoas

 O público aumentou nos desfiles de domingo do Grupo A em relação ao dia anterior. Segundo a PM (Polícia Militar), foram cerca de 20 mil pessoas circulando nas arquibancadas e cercanias. Nenhuma ocorrência foi registrada. Apenas uma baiana do Ocara, que passou mal, e um destaque da Leões do Vale, que sofreu leve queda de um carro, receberam atendimento. No sábado, cerca de 15 mil pessoas compareceram ao sambódromo.




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