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Nem criatividade
brasileira ajuda Robocop

José Padilha, diretor de Tropa de Elite, estreia em
Hollywood em remake de ação sem nenhum carisma

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
21/02/2014 | 08:26
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Divulgação


A indústria bélica sempre foi um dos setores mais ricos do mundo. Os bilhões adquiridos ao longo dos anos são reflexo de uma sociedade violenta. Imaginando um futuro no qual o caos exige medidas extremas e as empresas querem lucrar ainda mais, a ideia perfeita parece colocar nas ruas oficiais de polícia não humanos, poupando vidas dos trabalhadores da lei e enfrentando o crime sem medo. Melhor ainda seria se essa criatura futurística fosse meio homem, meio máquina.

O enredo serve como pano de fundo para Robocop (1987), um filme B clássico. A história ganha sobrevida em remake feito com milhões de dólares, mas sem qualquer carisma como no original.

Com os sucessos dos dois Tropa de Elite no currículo, o diretor José Padilha foi chamado para comandar a revitalização de Robocop em seu primeiro trabalho em Hollywood. Ele soube aproveitar as câmeras em cima do ombro nas trocas de tiro e algumas panorâmicas, além de utilizar o alto orçamento de cerca de US$ 140 milhões para contar com bons efeitos especiais – com destaque para a pesada cena na qual o protagonista é desmontado como se fosse um boneco pelo doutor vivido pelo veterano Gary Oldman.

Mas o carioca não é o grande culpado pela falta de empatia do projeto. Na verdade, Robocop é um filme mediano de ação com pitadas de ficção científica. A grande atração da obra oitentista era o policial Alex Murphy, desafiado entre suas limitações humanas e a segurança de sua armadura prateada. Agora, o personagem é vivido por Joel Kinnaman, ator sueco que parece assumir de vez a parte robótica do herói, e não se esforça para revelar reações. Isso dificulta a empatia por sua história triste que culmina em um atentado na garagem de sua casa na Detroit de 2028. Após a explosão de carro que o deixa com apenas 20% do corpo, sua mulher
concorda com a proposta do bilionário Raymond Sellars (Michael Keaton) em utilizar o policial como cobaia.

Claro que as cenas de ação são o ponto alto. As informações passadas para o visor do protagonista e a movimentação que Padilha dá para os momentos lembram muito os videogames. Os questionamentos levantados pelo roteiro colocam em xeque o lobby da indústria bélica, a imprensa sensacionalista (representada pela participação bizarra de Samuel L. Jackson como um apresentador falastrão), política e as possibilidades negativas e positivas da tecnologia na vida das pessoas. Enquanto o longa original era mais visceral, o novo Robocop aspira a ser ‘cabeça’. Mas o Policial do Futuro não deveria ser levado tão a sério.
 




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