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Região fecha 2013 com 21 detidos por dia

Dados da SSP apontam que um a cada três inquéritos terminou com prisão no último ano

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
10/02/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


As delegacias do Grande ABC registraram média de 21 pessoas detidas por dia durante o ano passado. Esse foi o índice alcançado pelas polícias Militar e Civil da região, segundo dados referentes à produtividade divulgados pela SSP (Secretaria da Segurança Pública). No total, média de um em cada três inquéritos abertos rendeu algum tipo de detenção.

As estatísticas mostram que o Grande ABC é responsável por 26,4% das prisões efetuadas nos 39 municípios da Região Metropolitana – excluindo a Capital. Além disso, os 5.925 indivíduos detidos em flagrante nas sete cidades correspondem a 27% de todas as detenções do tipo realizadas na Grande São Paulo.

Responsável pela Polícia Civil de Santo André, que aparece com o melhor índice de inquéritos concluídos em prisões, o delegado seccional Ângelo Ísola, que responde também por Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, acredita que a região tem peculiaridade vantajosa em relação à Capital e às demais cidades da Grande São Paulo.

“Aqui, geralmente, os policiais moram na região. Muitos deles nasceram e foram criados nas cidades onde trabalham, o que lhes dá conhecimento mais profundo da criminalidade e das áreas de maior vulnerabilidade. É um diferencial importante”, disse. “Em outras localidades, muitos deles precisam fazer longo deslocamento até chegar ao trabalho e existe pouca familiaridade com a área onde atuam.”

Chefe da Polícia Civil em São Bernardo e São Caetano, o delegado Waldomiro Bueno Filho salienta que o último ano foi marcado pelo trabalho. “Aqui o sistema é de força bruta”, garante. “Nós não deixamos nenhum crime de repercussão sem solução”, comemora o seccional,

O trabalho em conjunto entre as forças policiais também é apontado como fator que colaborou para os números de produtividade da região, segundo o comandante da PM (Polícia Militar) no Grande ABC, coronel Mauro Cezar dos Santos Ricciarelli, e os delegados seccionais.

Ele argumenta que o sistema utilizado atualmente pela corporação, de policiamento inteligente, ajuda no alcance da redução de índices criminais definida como meta pelo comando.

“Quando nós implantamos o sistema de policiamento inteligente, atuando onde o crime ocorre, indiretamente nós afetamos e reduzimos os índices de produtividade. É uma coisa que está interligada”, explica o coronel.

 
 

Delegacia Sede de São Caetano lidera esclarecimentos

Entre todas as delegacias do Grande ABC, nenhuma apresentou produtividade tão grande quanto a Delegacia Sede de São Caetano. Nada menos que 96,6% dos inquéritos instaurados renderam algum tipo de prisão, segundo os dados divulgados pela SSP (Secretaria da Segurança Pública).

Apenas 17 inquéritos instaurados no distrito, sejam de flagrante ou que demandaram investigação, não resultaram em nenhum tipo de detenção.

Na função de delegado titular da área desde setembro, Ettore Capalbo Sobrinho alerta que a prioridade no distrito sempre foi mapear e identificar as quadrilhas responsáveis pelos roubos e furtos de veículos, crime com maior incidência na cidade.

“As operações foram todas montadas com esse objetivo: de identificar os criminosos, mapear os crimes e, felizmente, os resultados apareceram”, comenta Capalbo Sobrinho.

Para ele, o principal diferencial em São Caetano é o trabalho de inteligência. “A decorrência disso aparecerá nas estatísticas criminais de janeiro (deste ano, que ainda serão divulgadas pela secretaria). Houve uma queda importante”, disse.

Capalbo Sobrinho acredita que a tendência para este ano é que a produtividade da principal delegacia do município continue em alta com a manutenção da forma de atuação. Para isso, a principal meta é continuar com as equipes empenhadas.

“A nossa expectativa é de manter esse índice (de aproveitamento) em alta utilizando os recursos que nos são colocados à disposição, seja com a utilização do sistema de informação e inteligência ou com as ferramentas da seccional de São Bernardo, por meio do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), para nos auxiliar nas ações para capturar os responsáveis pelos crimes”, detalha o delegado.
 

Cidades têm média de três menores apreendidos por dia

O Grande ABC encerrou 2013 com média de três menores apreendidos por dia, seja em flagrante ou por meio de mandado judicial, segundo os dados de produtividade da SSP (Secretaria da Segurança Pública).

As estatísticas apontam que a região tem grande participação de jovens envolvidos com a criminalidade. Cerca de 35% de todos os menores apreendidos na Grande São Paulo eram moradores da região.

Santo André aparece como a cidade com o maior número de apreensões, é o 1º DP (Centro) de Mauá que se destaca nesse quesito. Com 140 adolescentes, a delegacia é a que teve o maior número de jovens fichados e encaminhados à Vara da Infância e Juventude.

“O que leva a isso é a densidade demográfica e a pobreza da cidade, o que induz os menores a entrarem cada vez mais cedo no caminho do crime”, disse o delegado titular do distrito, José Carlos de Melo, que aponta também fatores como a falta de estrutura familiar e incentivo aos jovens como problemas crônicos.

A maioria de todos os casos registrados em Mauá, diferentemente do que se pensa, não envolve a participação dos jovens no tráfico de drogas, mas no roubo e furto de veículos. “Quanto mais se investiga, mais se descobre que eles, cada vez mais, são os responsáveis”, justifica.

O motivo que atrai esses jovens é incerto. Pode ser para vender as peças ou usar o veículo apenas para passear. Muitas motos roubadas são encontradas com chassis ou motor adulterados. Geralmente são abandonadas menos de três dias após serem levadas de seus donos. “É uma coisa preocupante. A gente não consegue fazer frente ao que o crime oferece para atraí-los.” 




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