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Santo André usa videogame para reabilitação motora

Gameterapia é alternativa a sessões de fisioterapia na rede pública do município

Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
25/11/2013 | 07:27
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Nario Barbosa/DGABC


Parece brincadeira, mas não é. De forma lúdica e divertida, a equipe do Crem (Centro de Reabilitação Municipal) de Santo André ajuda a recuperar pacientes com dificuldades motoras com o uso de videogames que imitam os movimentos humanos. A tecnologia é aplicada em sessões de fisioterapia para aproximadamente 20 pacientes e utilizada há dois meses na cidade.

“Apesar de o volume de pacientes atendidos não ser significativo, a essência do projeto é muito interessante”, comentou o secretário de Saúde do município, Homero Nepomuceno Duarte.

O tratamento conta com os aparelhos Xbox 360 e o Nintendo Wii ligados em uma televisão e usados com tapete apropriado. As sessões são aplicadas às segundas e quintas-feiras. “É muito bom. Me ajuda bastante no tratamento para ganhar mais resistência, equilíbrio e força. A tecnologia está colaborando para desenvolver melhor meus movimentos. Com o videogame, tirei a preguiça do corpo”, disse Rafael Ferreira, 20 anos, que sofreu uma paralisia cerebral durante o parto e tem problemas motores desde que nasceu.

Os pacientes que recebem a gameterapia são selecionados conforme o perfil cadastrado no centro de recuperação. “Quando me chamaram para jogar videogame pela primeira vez, achei que era só para a gente brincar. Mas isso está ajudando na minha recuperação. Nem imaginava que um brinquedo iria me fazer andar de novo. Até pular, que eu não conseguia, estou fazendo por causa do jogo”, comemorou Philipe Silva de Oliveira, 22, que teve um traumatismo cranioencefálico como sequela de um tombo de motocicleta, que o deixou com dificuldades para andar.

A sessão é aplicada principalmente em casos neurológicos. Pessoas com hipertensão, labirintite e em período pós-operatório não podem receber o tratamento. Segundo a fisioterapeuta Milene Regina Espinosa, uma das profissionais que aplica o tratamento, o videogame é um grande estímulo para recuperação dos pacientes. “O principal são os movimentos involuntários que o jogo obriga a fazer, diferentemente da fisioterapia convencional, que pede somente a repetição de determinado movimento. O game pede atenção, equilíbrio, coordenação motora e velocidade de movimento.”

O pequeno Matheus Vitor dos Santos, 9, transforma-se em frente ao videogame. Ele – que também sofreu paralisia cerebral no nascimento e tem dificuldade motora na perna esquerda – pula e faz todos os outros movimentos solicitados pelo jogo com um grande sorriso no rosto. “Agora o tratamento está mais fácil. Com o jogo, ele fica muito empolgado em vir para a sessão. O tio dele até deu um videogame desse para o Matheus praticar em casa também”, disse a mãe do garoto, Karina Santos da Silva.

 

 

Cidade projeta novo centro de recuperação

A Secretaria de Saúde de Santo André prevê a implementação de um CER (Centro Especializado de Reabilitação). O projeto foi encaminhado ao Ministério da Saúde e aguarda publicação de portaria feita pela Pasta federal para garantia do investimento. A previsão é que a União repasse R$ 5 milhões para a construção, R$ 2 milhões para a compra de equipamentos e R$ 345 mil mensais para custeio da unidade.

Segundo o secretário de Saúde Homero Nepomuceno Duarte, o projeto já foi aprovado. “Santo André foi o único município da região que recebeu aprovação da construção desse centro. Já temos o Cerm (Centro de Reabilitação Municipal), que, para uma cidade do tamanho de Santo André, é um pouco acanhado em termos de tamanho”, afirmou o titular da Pasta.

O equipamento existente na cidade realiza cerca de 3.800 atendimentos por mês. A intenção é direcionar parte dessa demanda para a unidade que será construída. “A expectativa é que no Cerm fique apenas o tratamento de ortopedia. Não temos no município nenhuma referência para reabilitações visual e auditiva, que deverá ser feita no centro de reabilitação”, disse Maria Cristina Rizzo, responsável pela área da pessoa com deficiência do departamento de atenção especializada do município.

 

Já existe previsão de localização do CER, mas a Prefeitura não informou o endereço da futura unidade de reabilitação física, auditiva, intelectual e visual.




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