Criador de composições ousadas, desafiadoras e ao mesmo tempo elegantes, o baterista Realcino Lima Filho, conhecido como Nenê, comemora os 50 anos de carreira. Com seu grupo, o Nenê Trio, nascido em 2001, ele tira do forno o álbum Inverno (Selo Sesc, R$ 20 em média), 12º de sua discografia.

O lançamento oficial está marcado para hoje, a partir das 19h, no palco do Teatro Anchieta - Sesc Consolação, em São Paulo. A entrada é gratuita.

No concerto, Nenê é acompanhado pelo mesmo time com quem gravou o disco - segundo com essa formação -, o pianista Írio Junior e o contrabaixista Alberto Luccas. 

Instrumental, Inverno chega às prateleiras com dez composições inéditas e autorais que exibem toda a liberdade musical do conjunto no universo do jazz. O trabalho também serve de cenário para Nenê colocar em prática toda a experiência adquirida ao longo da carreira.

"A inspiração vem do trabalho, depois de tanta experiência você desenvolve um sistema de composição próprio, baseado na inspiração e na técnica. Componho todas minhas músicas ao piano", afirma Nenê, que, além de baterista, é arranjador e pianista.

O que se ouve no disco é um retrato do que foi feito no estúdio. Nenê conta o modo de gravar não mudou nada de como sempre fez. "Sempre gravamos o que realmente aconteceu na gravação, não recortamos nada, nada de overdub, o que está no disco é o que realmente tocamos naquele momento", afirma.

O disco faz parte de projeto que prevê gravação de quadrilogia. Já foi lançado o disco Outono, agora faltam os títulos Primavera e Verão. 

"Eu já tinha ouvido as quatro estações do Vivaldi. Sempre gostei muito de homenagear pessoas ou países. As quatro estações no Rio Grande do Sul, onde nasci, são muito marcantes, assim como na Europa, onde vivi por 12 anos. Portanto isso me inspirou a compor essa quadrilogia."

Os andamentos e arranjos, todos muito bem pensados, ora dão lugar a trechos parecem puro improviso, como em Noiva do Funkstein, faixa que abre a obra. "Tem os temas com os arranjos das músicas, mas a parte da improvisação é livre, acontece no momento que cada um sentir e ter a liberdade de criação", diz. 

O baterista conta que se reinventar musicalmente após tanto tempo de estrada é possível por meio do estudo e da prática constante do trio. "Temos ensaios regulares com a renovação constante do repertório."

"Ainda não me considero consagrado. Vou buscar até o fim da minha vida a realização no aspecto musical, inclusive, eu acho que a gente deveria viver pelo menos 180 anos para poder realizar o sonho musical realmente. Meu pensamento funciona através da música." 

Nenê Trio - Show. Hoje, às 19h, no Teatro Anchieta - Sesc Consolação - Rua Dr. Vila Nova, 245. São Paulo. Tel.: 3234-3000. Grátis.