A taxa média de juros nas operações de crédito para as famílias atingiu, em julho, o maior patamar desde novembro. Segundo dados do boletim de operações de crédito do BC (Banco Central), as instituições financeiras cobraram, em média, 25,1% ao ano pelos empréstimos no mês passado, mesmo percentual do penúltimo mês de 2012.

Mesmo com o encarecimento do dinheiro, a demanda dos consumidores alcançou o maior patamar desde março de 2011, início da série histórica divulgada pelo BC. O volume concedido em julho atingiu R$ 152 bilhões. No mês anterior, foram R$ 144 bilhões. Em maio, último maior montante concedido, o registro foi de R$ 150 bilhões.

Professor de Economia do Insper, Otto Nogami, que também é sócio da Nogami Participações, explicou que o consumidor, de modo geral, não dá a atenção devida antes de contratar uma operação. “Na verdade, o consumidor comum não está raciocinando o custo do dinheiro. Ele contrai empréstimo para resolver algum tipo de problema”, explicou.

O nível de endividamento das famílias, que está em 44,5% da renda, também é outro aspecto apontado por Nogami como fator que contribui para o paradoxo do encarecimento com aumento da demanda. “Como o orçamento está muito comprometido, as famílias acabam recorrendo ao crédito, como o cartão, cheque especial e o consignado. Isso é um perigo, pois aumenta muito o risco de inadimplência futura.”

ATRASOS - Segundo o BC, a inadimplência ocorre quando as parcelas dos empréstimos estão atrasadas por mais de 90 dias. E em julho, ao menos, não houve elevação de calotes frente a junho, com o registro de 4,95% para as pessoas físicas. Muito pelo contrário, foi a menor taxa apurada pela autoridade com base na série histórica iniciada em março de 2011.

Procurados, BC e Febraban (Federação Brasileira de Bancos) não responderam à equipe do Diário até o fechamento desta edição.