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Reunião só para homens gera polêmica em S.Caetano

Prefeitura quer estimular o envolvimento masculino na educação dos filhos

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
29/08/2013 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Pais e responsáveis do sexo masculino por crianças que estudam na rede municipal de São Caetano participaram ontem de reunião exclusiva para o gênero, como parte do programa Escola de Pais, da Secretaria de Educação. O objetivo é estimular a participação dos homens no processo de educar os filhos. A medida gerou polêmica entre mães que são chefes de família.

Para a dentista Deborah Delage, 50 anos, mãe da Sofia, 10, aluna da Emef Professor Décio Machado Gaia, o erro começa no convite. “Ele é todo azul, vem escrito ‘Pai nota 10’ e a mensagem ‘Como ajudar seu filho a chegar ao topo’. Encontrei o convite na mochila da Sofia e perguntei se ela entregaria ao pai, de quem sou separada. Ela disse que não, pois, para ela, não é só o homem quem ajuda o filho a chegar ao topo.”

No Facebook, pais e mães mostravam indignação com a forma sexista como o tema foi tratado. Para os moradores, segregar não ajuda. “E como fica a criança de uma família monoparental?”, questionou uma mãe em um dos tópicos.

Famílias chefiadas por mulheres representavam, em 1996, 20,81% dos lares, segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na época. No Censo do ano 2000, a porcentagem subiu para 26,55%. Já a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), que teve como ano base 2011, levantamento mais recente do IBGE, divulgada em setembro, aponta que 37,4% das famílias têm como pessoa de referência uma mulher.

“Sabemos que causamos polêmica. Mas a ideia era mesmo chamar a atenção para que o pai ou outra figura de referência do sexo masculino participe mais e divida a responsabilidade pela educação com a mãe”, afirmou o secretário de Educação, Daniel Contro. A iniciativa foi tomada porque, das cerca de 6.000 pessoas que participaram das reuniões do Escola de Pais desde o início do ano, 87% eram mulheres.

Contro acredita ser necessária mudança cultural. “A responsabilidade pela educação das crianças costuma ser papel da mãe. Queremos mudar isso, essa é nossa proposta.”

CRONÔMETROS

Entre as mudanças promovidas pelo secretário para melhorar os índices educacionais da cidade está a cronometragem das aulas. Para Deborah, o fato de fazer atividades com tempo marcado prejudicou a filha. “A Sofia entrou em crise porque o caderno vem com um ‘incompleto’ quando ela não consegue concluir a atividade no tempo proposto.”

Contro defende a medida. “Temos de parar de achar que as crianças são coitadinhas. O cronômetro é usado nas escolas da Finlândia e de outros países de primeiro mundo e ajuda professor e aluno a organizarem o tempo. Adotamos o modelo em todos os anos do Ensino Fundamental.” 




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