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Só três em cada dez fumantes conseguem abandonar o cigarro

Há fila de espera para ingressar nos grupos de apoio oferecidos pelas prefeituras

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
29/08/2013 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


Abandonar o vício do cigarro não é tarefa simples. Apenas 30% dos fumantes que procuram atendimento oferecido pela rede pública de Saúde conseguem se livrar da dependência da nicotina. O alerta é dado por especialistas do Grande ABC em razão do Dia Nacional de Combate ao fumo, comemorado hoje.

O tratamento para tabagistas é oferecido pelos municípios de forma gratuita, no entanto, em alguns casos, o fumante precisa ter paciência e esperar por meses a oportunidade de participar dos grupos de apoio. Em São Bernardo, a fila de espera por vaga no Centro de Especialidades do Rudge Ramos tem 594 pessoas. O programa tem duração de três meses, com encontros semanais e máximo de 20 pessoas por grupo.

O serviço foi reestruturado em abril de 2013 e ainda aguarda processo de credenciamento junto ao Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas) para receber as medicações usadas no tratamento – antidepressivo e adesivo de nicotina. Enquanto isso, a Prefeitura oferece grupos de orientação com equipe multidisciplinar.

Em Santo André, a fila para os grupos terapêuticos realizados no Naps AD (Núcleo de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) é de aproximadamente um mês e meio. São realizados cerca de 100 atendimentos mensais. Em primeiro momento, os fumantes são encaminhados para grupos com duração de dois meses e continuam sendo acompanhados.

São Caetano oferece auxílio aos que desejam abandonar o cigarro no Caps AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas). Por lá, o fumante espera até dois meses para ingressar no grupo de apoio.

Em Diadema, o serviço é oferecido no Caps AD 3 e na UBS (Unidade Básica de Saúde) Conceição. No Caps o atendimento é individualizado e na UBS, em grupo.

Já em Ribeirão Pires, onde o serviço também é realizado no Caps AD, os interessados são prontamente atendidos, já que não há filas de espera. Rio Grande da Serra informou que está reestruturando o serviço na cidade e obtendo credenciamento junto ao Ministério da Saúde.

DIFICULDADES

Entre as principais dificuldades enfrentadas pelos fumantes que querem abandonar o cigarro está a dependência da nicotina. Conforme explica o professor de Pneumologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) e coordenador do ambulatório de combate ao tabagismo da faculdade, Adriano César Guazzelli, o fumo provoca dependência química e psicológica. “Algumas pessoas conseguem parar na primeira tentativa, mas há casos em que o paciente passa a vida toda tentando”, diz.

O coordenador do Centro de Oncologia de São Caetano, Valter Oliveira Filho, ressalta que o cigarro está relacionado à maioria dos casos de câncer, principalmente de boca, esôfago, faringe e pulmões. Outra preocupação é com o aumento de casos de câncer de bexiga na cidade desde 2006 – passou de um para 35. “As pessoas não se atentam que as substâncias são eliminadas pela urina”, comenta.

CAMPANHA

Neste ano, o tema escolhido pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer) para o Dia Nacional de Combate ao Fumo é o uso de narguilé e a iniciação ao fumo.

O grupo dos jovens é a principal preocupação dos especialistas, indica Oliveira. “De cada 100 pessoas que nunca fumaram, 20% têm chance de se tornar dependentes ao experimentar o cigarro”, alerta o coordenador do Centro de Oncologia de São Caetano.

Região apresenta queda no número de dependentes nos últimos dois anos

De acordo com levantamento feito pelo Inpes (Instituto de Pesquisa) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), a porcentagem de fumantes na população do Grande ABC segue tendência de queda nos últimos dois anos.

Enquanto em 2011, 20,7% dos moradores das sete cidades eram dependentes da nicotina, a porcentagem caiu para 18% em 2012. “Seguimos tendência observada no País, onde 16,8% da população é fumante”, destaca o coordenador do Inpes, Leandro Prearo.

Segundo os especialistas, a diminuição do número de dependentes de nicotina se devem, em boa parte, às campanhas restritivas que impedem o uso de cigarro em diversos ambientes. Uma pessoa que para de fumar entre os 25 e 34 anos de vida volta a ter a mesma expectativa de vida daqueles que nunca fumaram. Já os que optam por abandonar o vício entre os 35 e 44 anos ganham nove anos de vida em relação à população fumante que nunca vai se livrar da dependência do cigarro. 




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