Equipe paulista garante empate em 1 a 1 contra o Coritiba
e encerra um jejum de 12 anos sem título nacional de elite
Foram 12 anos suportando gozações rivais, batendo na trave, sofrendo com problemas internos que se refletiam negativamente dentro de campo. Mas ontem à noite o grito saiu do fundo do peito do torcedor palmeirense: é campeão! E invicto!
O empate por 1 a 1 com o Coritiba, no Estádio Couto Pereira, deu o título e a classificação à Libertadores 2013 ao Verdão. Mesmo saindo atrás no placar, o time não se abateu e na habitual bola parada de Marcos Assunção saiu o gol de Betinho, o do bicampeonato.
O técnico Luiz Felipe Scolari levou a campo o que tinha disponível nas melhores condições. Henrique voltou a frente da zaga, enquanto Mazinho e Betinho faziam as vezes no comando ofensivo, servidos por Daniel Carvalho. Luan foi a surpresa na reserva.
Diferentemente do duelo em Barueri, o Palmeiras mantinha mais a posse de bola e jogava no desespero do Coxa. Quem esperava o time paulista apenas retrancado, o viu criar as primeiras boas oportunidades. Aos 12, após bate-rebate, Mazinho serviu Juninho, que bateu e Vanderlei desviou.
Sete minutos depois, Marcos Assunção levantou para a área, a zaga paranaense ficou parada e assistiu Betinho desviar pelo lado direito da meta. Assunção voltou a assustar aos 27, em cobrança de falta que passou rente à trave direita.
Errando muitos passes, o Coritiba teve grande chance aos 28, quando Everton Costa ajeitou para Rafinha, que finalizou rente ao poste. Mas nada que abalasse o Palmeiras, que afastava de qualquer jeito toda bola que representava perigo.
Antes do intervalo, no entanto, o Verdão - que já jogava sem Valdivia (suspenso) e Barcos (em recuperação) - perdeu Thiago Heleno, lesionado.
Na segunda etapa, ao Coritiba não restava outra situação que não atacar. O Verdão, por sua vez, seguia segurando de todas as formas as investidas paranaenses. Restou ao time da casa, então, apostar nas bolas paradas. E foi assim que, aos 16, Ayrton cobrou falta com perfeição e abriu o placar.
Mas nem deu tempo para a torcida comemorar. Aos 20, Mazinho recebeu falta na entrada da área. Marcos Assunção bateu, Betinho desviou e deixou tudo igual. Desta forma, o Coxa precisava de mais três gols para ser campeão, mas não foi possível.
Betinho: da desconfiança ao heroísmo
De jogador dispensado pelo São Caetano a herói palmeirense na Copa do Brasil. Mesmo sob desconfiança da torcida e até mesmo do técnico Luiz Felipe Scolari, o atacante Betinho ocupou a vaga de Barcos nos dois jogos finais da Copa do Brasil, sofreu o pênalti convertido por Valdivia no primeiro duelo e marcou o gol de empate no confronto de ontem à noite, que garantiu o bicampeonato ao Verdão.
Ao fim do jogo, muito emocionado, o atacante desabafou: "É até difícil falar. Depois de tudo o que passei, cheguei sob desconfiança... Tenho muito a agradecer ao Barcos, que também merece muito esse título pelo que fez", disse Betinho. "Quero agradecer ao papai do céu e dedicar o título à minha filha", emendou.
Contratado por período de experiência, agora Betinho deve, enfim, fechar vínculo com o clube, o qual agradece. "O grupo me acolheu, o professor deu esperança. Aproveitei e agora é só comemorar. Nosso nome vai ficar marcado e ninguém vai esquecer a gente", concluiu.
Felipão cala os críticos, mas tem futuro indefinido
Se antes do jogo decisivo da Copa do Brasil o futuro do técnico palmeirense Luiz Felipe Scolari parecia sombrio no Palestra Itália, com a conquista de ontem voltou a ficar mais claro - ao menos temporariamente. O contrato entre as partes vai até dezembro e, com o quarto título do treinador no torneio nacional (o segundo pelo Alviverde, além dos conquistados no Criciúma e no Grêmio), é certo que a diretoria tentará renovar o vínculo para que ele possa conduzir o time na busca pela segunda taça na Libertadores, em 2013.
Diante da pressão pela falta de títulos após as fracas campanhas no Brasileiro de 2011 e no Paulistão deste ano e pelo alto salário - cerca de R$ 700 mil -, o treinador chegou a afirmar há cerca de dois meses que não permaneceria após o término do contrato. Colocou por mais de uma vez o cargo à disposição do presidente Arnaldo Tirone, que sempre deixou claro o apoio a ele.
Ontem, Felipão riu e chorou.Resta saber se aceitará o novo desafio ou deixará o clube em dezembro com sentimento de dever cumprido. Isso só o tempo irá dizer.
Clube é o maior vencedor do País com 11º título nacional
Com o título de ontem à noite, o Palmeiras é o clube que mais taças coleciona no futebol brasileiro. Ao levantar a segunda Copa do Brasil (a primeira foi em 1998), o clube alcançou a 11ª conquista nacional, levando-se em conta os oito troféus do Campeonato Brasileiro (1960, 1967 - duas vezes - 1969, 1972, 1973, 1993 e 1994) e o da Copa dos Campeões (2000).
E a taça levantada em Curitiba reacende a vontade do Palmeiras de voltar aos tempos de glória. Historicamente, o clube teve dois momentos mais marcantes. Entre 1966 e 1976, foram cinco conquistas nacionais e quatro Campeonatos Paulistas. Depois, entre 1993 e 2000, na chamada era Parmalat, foram quatro conquistas nacionais, três estaduais, dois Torneios Rio-São Paulo, uma Copa Libertadores e uma Mercosul.
A meta agora é começar, a partir do título da Copa do Brasil, outro longo período no topo do futebol brasileiro. E as mudanças começam na estrutura do clube, com a inauguração da moderna Arena Palestra, prevista para o fim do ano que vem. Claro que isso passa pela recuperação no Brasileiro deste ano.
E o Palmeiras quer estrear a nova casa campeão da Copa Libertadores, uma vez que já está classificado para voltar à competição continental em 2013. O cenário está montado para futuro melhor pelos lados do Palestra Itália.
Jogadores não conseguem segurar as lágrimas
Foi impossível segurar as lágrimas após o apito final. Irradiantes com o fim do tabu, os jogadores palmeirenses pareciam com o discurso ensaiado e creditaram o título à união do grupo, que se fechou na reta final da Copa do Brasil e conseguiu devolver a alegria aos torcedores após 12 anos.
Um dos mais emocionados era o capitão Marcos Assunção, que deu o passe para o importante gol de Betinho. "Passei por muitas coisas nesses dois anos que estou no Palmeiras, muita humilhação por parte de todos, principalmente após a goleada por 6 a 0 que sofremos para o Coritiba. Muitos não acreditavam no Palmeiras, mas nós jogadores sabíamos da nossa capacidade", comentou o atleta, que dedicou a conquista aos filhos.
Fora da decisão por estar suspenso, o chileno Valdivia também participou da festa, ao lado do argentino Bárcos, lesionado. "Estou muito feliz por conquistar esse título pelo Palmeiras, depois do sequestro que sofri. Tive a chance de erguer a taça no Paulista, não consegui, mas agora veio e sinto que fui muito útil durante a campanha", avaliou.
Formado nas categorias de base do clube e palmeirense de coração, o goleiro Bruno também estava muito emocionado com o sonho concretizado. "Merecemos essa conquista. Amo esse clube de coração e queria muito dar esse título para os torcedores que esperavam há muito tempo por esse grande momento", declarou o jogador, lembrando dos últimos 12 anos sem títulos nacionais de elite.
Sentindo nitidamente lesão na coxa direita, o atacante Luan foi guerreiro nos instantes finais e não deixou o time com um a menos, já que Felipão já havia feito as três alterações. "Acho que essa conquista mostra o espírito do grupo. Desde o funcionário que corta a grama do centro de treinamento até os jogadores. Todos foram importantes nesse título", enfatizou o atacante. Anderson Fattori
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