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de reflorestamento

SOS Mata Atlântica aponta que índices de desmatamento estão estáveis na região desde 2008

Camila Galvez
05/06/2013 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Os índices de desmatamento na região permaneceram estáveis entre 2011 e 2012, segundo o Atlas dos Remanescentes da Mata Atlântica, divulgado ontem pela ONG SOS Mata Atlântica. A tendência é observada desde 2008 no Grande ABC e, segundo a coordenadora do curso de Gestão Ambiental da Universidade Metodista de São Paulo, Waverli Neuberger, mostra que as sete cidades pararam de desmatar o bioma. Porém, Waverli destaca que é preciso criar projetos de reflorestamento e fiscalizar a caça de animais silvestres.

Conforme a especialista, devido à característica moveleira da região, muita madeira de lei foi removida no início do século passado, quando a indústria começou a se desenvolver. “Eram árvores maduras, estavam aqui há muitos anos e, por isso, a perda que só pode ser reparada a longo prazo.”

Por isso, é preciso começar a reflorestar e ampliar áreas de proteção agora, a fim de obter sucesso nas futuras gerações. “Esse procedimento de recuperação se chama enriquecimento, já que hoje não há mais sementes das árvores que foram removidas disponíveis na mata. Por isso, é preciso introduzi-las e deixar que a natureza faça o seu papel.”

Para Waverli, é necessário ainda repovoar a floresta, já que o número de animais foi reduzido drasticamente. “Para isso, é importante fiscalizar a caça ilegal, que ainda é uma realidade no Grande ABC.”

O Atlas aponta que as sete cidades têm, juntas, 28,9 mil hectares de remanescentes, o equivalente a 28,9 mil campos de futebol. No período anterior, de 2010 a 2011, eram 28,8 mil. Segundo a coordenadora do Atlas, Marcia Hirota, o ligeiro aumento não indica que a floresta se recuperou, mas sim que mais áreas preservadas foram visualizadas pelo satélite. Marcia destaca, porém, que nas regiões metropolitanas é importante preservar pequenas áreas, como parques e praças, para garantir o conforto térmico e a interação com o meio ambiente.

Das sete cidades, São Bernardo é a que possui a maior cobertura de vegetação do bioma, com 44% da área total da cidade. Em seguida está Rio Grande da Serra (41%), Santo André (37%), Ribeirão Pires (26%), Mauá (9%) e Diadema (3%). Já São Caetano não tem mais nenhum hectare.

BOM EXEMPLO

Apesar de a região não ter grandes projetos para reflorestamento, o diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, destaca que há ações interessantes por aqui. “Ribeirão Pires, por exemplo, tem o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) Verde, que estimula proprietários de terra a preservar a floresta. É útil porque ajuda a mudar a cultura do desmatamento. Além disso, 80% dos remanescentes do País estão hoje em áreas particulares.”

O IPTU Verde foi criado em 1995 e disponibiliza o desconto de área verde a fim de incentivar a manutenção das áreas de especial interesse de preservação do município. De acordo com a lei, “os proprietários ou possuidores de imóveis integrantes das áreas de especial interesse de preservação poderão requerer a redução do IPTU, proporcionalmente à taxa de cobertura florestal do terreno”, de acordo com tabela estabelecida pela lei. O desconto pode chegar até 100%, conforme o tipo de área.

Minas lidera desmatamento no País

Pelo quarto ano consecutivo, o Estado de Minas Gerais lidera o desmatamento no País. Conforme a SOS Mata Atlântica, entre 2011 a 2012, a floresta perdeu 23.548 hectares em todo o País, aumento de 29% em relação ao período anterior. Quase metade do que foi suprimido (10.752 hectares) foi em Minas Gerais, que registrou aumento de 70% no índice, se comparado aos anos de 2010 e 2011.

A ONG levou os dados ao governo estadual, mas não obteve retorno. Por isso, irá encaminhar ofício ao governador e à Secretaria do Meio Ambiente pedindo que não seja dada autorização para novos cortes e desmatamentos, além da revisão das licenças concedidas até hoje.

O Ministério Público local também se mobilizou para tentar reduzir a derrubada desenfreada de florestas no Estado. Conforme o coordenador geral das promotorias de Defesa do Meio Ambiente de Minas Gerais, Carlos Eduardo Ferreira Pinto, foram desencadeadas ações para identificar casos mais graves, que resultaram em ações civis, penais e até de improbidade administrativa. “Não vamos nos calar diante disso. Esse é um título que o Estado de Minas não quer ter”, garantiu.

Do outro lado da balança, os Estados do Mato Grosso do Sul e do Rio de Janeiro apresentaram redução nos índices de desmatamento e recuperação da mata nativa.  




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