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Mastologistas apoiam
decisão de Angelina

Angelina Jolie optou pela retirada das mamas para diminuir as chances de câncer

Thaís Moraes
Do Diário do Grande ABC
15/05/2013 | 07:00
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Divulgação


A notícia de que a atriz norte-americana Angelina Jolie foi submetida à cirurgia para retirada dos dois seios por apresentar 87% de chance de desenvolver câncer de mama surpreendeu e causou dúvida em muita gente. Embora para pessoas comuns a decisão pareça chocante, para médicos mastologistas o procedimento é encarado de forma natural, caso realmente haja a necessidade.

Segundo o professor de Mastologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Paulo Roberto Pirozzi, a atriz agiu de forma correta. "Vejo como uma decisão acertada que vai levantar uma bandeira muito importante para que as mulheres façam mais exames preventidos, já que essa consciência está em falta", analisa.

Pirozzi, que já realizou mastectomias preventivas diversas vezes, explica que, além da cirurgia para a prevenção de câncer, a paciente tem a opção de fazer exames a cada seis meses para detectar a doença. "É feita mamografia e ultrassom no primeiro semestre e uma ressonância na outra metade do ano."

Segundo o especialista, há diferenças entre cirurgias para retirada de câncer e para prevenção. "A mastectomia em mulheres com câncer pode significar a retirada de glândulas mamárias, pele, auréola e bico. Já o procedimento feito pela artista foi uma adenomastectomia, onde foram retiradas somente as glândulas mamárias", diferencia.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, José Luiz Pedrini, também defende a decisão tomada por Angelina. "Acredito que, no caso dela, foi feita a coisa certa por ela apresentar grande predisposição para desenvolver a doença. Aconselho que o procedimento seja realizado em casos de alto risco e não pelo medo que a paciente tem do câncer", pondera.

Angelina Jolie, em artigo publicado no New York Times (leia mais ao lado), explicou ter passado por três procedimentos: uma cirurgia plástica para que os mamilos não fossem danificados durante a mastectomia, outro para extrair o tecido mamário e o terceiro para a reconstrução das mamas com implante de silicone.

De acordo com Pedrini, a operação não é um procedimento padrão. "O ideal é que a reconstrução da mama seja feita de forma imediata. Mas essa é uma decisão tomada de forma individual por cada cirurgião", esclarece.

Convênios não cobrem cirurgia

O mastologista José Luiz Perini alerta para o fato de o procedimento não ser realizado por convênios, mas o SUS (Sistema Único de Saúde) pode fazê-lo caso seja prescrito por médico. O problema é que o mapeamento genético utilizado para detectar a predisposição ao câncer custa entre R$ 3.500 e R$ 5.000 e não é feito pela rede pública.

A estudante Gisele de Almeida Santos, 32 anos, tem na família oito mulheres que tiveram câncer de mama: a mãe, duas irmãs, três primas e duas tias.

Para evitar desenvolver a doença, Gisele quer se submeter à mastectomia preventiva, mas o plano de saúde não cobre a cirurgia. "Fui ao mastologista e ele indicou a operação. Desisti por conta da burocracia. Minha irmã também tentou e negaram da mesma forma."

A irmã de Gisele, a aposentada Maria Denise de Almeida Cano, 55, teve câncer e precisou fazer mastectomia dupla. "Acho que a decisão da atriz foi correta. Não pensaria duas vezes em fazer a cirurgia por lembrar de tudo que passei com quimioterapia e radioterapia. O desgaste físico e emocional é muito grande", opina.

Segundo a psicóloga do Ambulatório de Sexologia da FMABC Amazonita Alfaia Esashika, a atitude de Angelina não terá o mesmo impacto emocional  que em paciente com câncer. "São situações diferentes porque ela pôde escolher. Já na doença, a mulher não tem essa chance."

Morte da mãe por câncer determinou escolha

A atriz Angelina Jolie, 37 anos, se submeteu a dupla mastectomia para reduzir os riscos de ter câncer de mama, e espera que seu caso inspire mulheres que enfrentam a doença.

Nove semanas depois, cirurgia final reconstruiu os seios da atriz com um implante. De acordo com Angelina, o resultado foi ‘belo'. No artigo publicado ontem pelo The New York Times, ela disse que a operação lhe permite afirmar com mais certeza aos seus seis filhos que não irá morrer jovem por causa da doença, como aconteceu com sua mãe, vitimada por um câncer aos 56 anos.

"Sempre falamos da ‘mamãe, da mamãe', e me vejo tentando explicar a doença que a levou de nós. Eles perguntaram se o mesmo pode me acontecer", escreveu. "Sempre disse a eles para não se preocuparem, mas a verdade é que carrego um gene ‘defeituoso'."

A atriz afirmou que seus médicos estimaram em 87% o risco de ela desenvolver câncer de mama - com a cirurgia, caiu para 5% - , e em 50% o risco de câncer de ovário.

Angelina disse que, agora que o tratamento terminou, veio a público para conscientizar outras mulheres. O câncer de mama mata cerca de 458 mil pessoas por ano, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). (da Folhapress)




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