Para quem me conhece pessoalmente ou por alguma foto recente, pode parecer improvável, mas acredite, já tentei ser atleta
Para quem me conhece pessoalmente ou por alguma foto recente, pode parecer improvável, mas acredite, em um passado não muito distante já tentei ser atleta.
A coisa começou a acontecer por conta de minha proximidade profissional com o esporte. Trabalhei na então ABDC (Associação Brasileira de Desportos para Cegos), e depois assumi o desafio de presidir o CESEC (Centro de Emancipação Social e Esportiva de Cegos), uma das entidades mais tradicionais da prática paradesportiva do segmento no país.
De início, treinar judô foi uma alternativa que me pareceu interessante para perder peso e entrar dentro das estatísticas daquelas pessoas que, diante de tantos conselhos médicos e convite de amigos, acabam por aderir ao esporte.
Depois veio o prazer de treinar e de estar junto com todo o povo da academia não só durante o treino, mas também em competições e na costumeira "cervejada" para hidratar depois de tanto esforço físico. Rapidinho, o esporte que veio para emagrecer tornou-se mais um motivo para ida à churrascarias, festas, enfim para estar com os amigos.
Passaram-se os meses e a vontade de competir veio naturalmente. Como um aluno de música que aprende a tocar e logo quer fazer shows para mostrar sua arte, aderi à rotina de tentar ficar no peso de minha categoria, a cuidar das dores de pequenas lesões, enfim, lá estava eu federado e pronto para o combate.
Minha carreira como judoca, no entanto, foi curta. Rapidamente percebi que não levava muito jeito para a coisa e, entre lutas com um certo equilíbrio e algumas derrotas, teve aquela que veio para decretar minha aposentadoria. Do outro lado estava um grande atleta, faixa preta com currículo respeitado internacionalmente. Foram uns 14 segundos de luta e um ippon que mais pareceu uma trombada de caminhão. Dores no corpo por dias e uma total sensação de impotência diante do adversário me fizeram ver que não seria nos tatames que eu seria um campeão.
Alguns anos passados, olho para toda essa história e vejo naquele ippon uma grande vitória. Deixando a frase feita de lado, daquelas que falam que o que importa é competir, o fato é que foram momentos bacanas vividos com amigos, onde aprendi a admirar a modalidade e trazer para minha vida pessoal muito da filosofia de Jigoro Kano.
Aprendi, dentre muitos ensinamentos, que tanto no judô como na vida, mais importante do que derrubar alguém é saber cair. Não importa o nível do adversário, o importante é o preparo físico e mental para a queda, seja ela provocada por um golpe mais simples ou por um superopositor. Entendendo esse olhar, qualquer que seja o resultado final, sempre estaremos prontos para levantar e seguir em frente!
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