A Polícia Federal avalia que já há provas para indiciar o empresário Marcos Valério, suposto operador do 'mensalão', por crime contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro.

Marcos Valério depôs por oito horas na Polícia Federal segunda-feira e saiu da sede da instituição negando as acusações. "Nunca lavei dinheiro. Meu dinheiro tem origem, os empréstimos bancários, e destino, que são as pessoas que estão na lista" de sacadores.

O empresário explicou que o pagamento feito ao publicitário Duda Mendonça foi realizado "aqui no Brasil, de acordo com orientações que me foram dadas, na época, pela Zilmar (Fernandes, sócia de Duda)".

Em depoimento à CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios, Duda afirmou que Valério sugeriu a ele a abertura de contas bancárias no exterior para "facilitar" o recebimento de aproximadamente R$ 10 milhões de dívidas de campanha do PT.

"Eu não tenho condições de autorizar ou mandar alguém criar conta, isso é especulação e não condiz com a verdade", disse Valério após o depoimento. Ele revelou ter pago R$ 15,5 milhões a Duda Mendonça no Brasil, "em cheques que foram sacados da minha conta". Marcos Valério negou ter acionado doleiros para fazer o serviço.

Lula- O empresário voltou a afirmar também que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tinha conhecimento do seu relacionamento com o PT e com o ex-tesoureiro Delúbio Soares. "Eu nunca tive contato com o presidente, nunca tive qualquer informação que me levasse a crer que o presidente sabia disso. O presidente não tem nada a ver com isso".

Marcos Valério também tentou livrar o PT da acusação de remessa ilegal de dinheiro ao exterior. "O PT nunca me solicitou envio de recursos para o exterior".

E em relação à empresa Bônus-Banval, Valério disse que não tinha interesse em comprá-la, como afirmou o dono da empresa Enivaldo Quadrado em depoimento à polícia e à CPI dos Correios. As transações por meio da corretora, esclareceu, "foram feitas a pedido de Delúbio Soares".