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Bento XVI vai à Assembléia da ONU defender os direitos humanos
Da AFP
18/04/2008 | 13:22
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O Papa Bento XVI falará sobre direitos humanos nesta sexta-feira ante a ONU, em um discurso previsto como o ponto alto de sua agenda de viagem pelos Estados, onde já pediu que os católicos se reconciliem com a Igreja depois do escândalo de pedofilia envolvendo sacerdotes.

O Papa também visita nesta sexta uma sinagoga poucas horas antes do início da Páscoa judaica, um fato destinado a manifestar a intenção do sumo pontífice de fortalecer o diálogo com o judaísmo. Bento XVI deixará Washington pela manhã e irá para Nova York, onde será transferido de helicóptero ao centro de Manhattan, a poucos metros da sede da ONU.

Num momento em que a ONU celebra o 60º aniversário da declaração universal de direitos humanos, o discurso de Bento XVI "será consagrado a este tema e, principalmente, sobre a unidade e indivisibilidade dos direitos humanos fundamentais", indicou o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone.

Na véspera, Bento XVI se reuniu com um "pequeno grupo de pessoas que foram abusadas sexualmente por membros do clero", informou o porta-voz do Vaticano em um comunicado. O encontro ocorreu durante a tarde, na capela da nunciatura apostólica em Washington, onde o Papa está hospedado.

O grupo, integrado por cinco adultos - homens e mulheres -, foi acompanhado do arcebispo de Boston, cardeal Sean O'Malley, e rezou com o Papa, "que em seguida ouviu o testemunho de cada um e proferiu palavras de ânimo e esperança".

Bento XVI disse que "reza por eles, por suas famílias e por todas as vítimas de abusos sexuais", revelou o porta-voz. O encontro durou entre 20 e 25 minutos, disse o porta-voz Federico Lombardi. O arcebispo de Boston entregou ao Papa um livro com a lista de mil vítimas em sua diocese.

O Papa sente "vergonha" pela ação dos padres pedófilos nos Estados Unidos, como ele mesmo disse ao iniciar a visita aos EUA, na terça-feira.

A Igreja Católica americana foi sacudida por um escândalo após a confissão, em 2002, do então arcebispo de Boston, cardeal Bernard Law, que admitiu ter protegido um padre pedófilo, o que deflagrou uma série de revelações comprometedoras.

O cardeal Law foi destituído do cargo em 2003, pelo Papa João Paulo II, sendo o único alto sacerdote americano retirado de suas funções. Na quarta-feira, Bento XVI admitiu que o escândalo foi "muito mal administrado" e pediu "a compaixão e atenção das vítimas", mas também denunciou os "costumes sexuais" da sociedade americana no "contexto" do escândalo.

Ainda na quinta, o Papa se reuniu com líderes judeus e muçulmanos, no Centro Intercultural João Paulo II, em Washington, onde defendeu o diálogo entre as diferentes religiões.

Bento XVI dirigiu à delegação judaica uma mensagem de amizade por ocasião da Páscoa judaica (Pessach), reafirmando sua vontade de continuar dialogando, após o mal-estar provocado pelo ressurgimento de uma velha oração católica pela conversão dos judeus.

"Desejo reiterar o compromisso da Igreja com o diálogo que conduziu em 40 anos para uma mudança fundamental e a melhorar nossas relações", disse o Papa, em reunião com essa delegação, um dia antes da Pessach, que começa na sexta à noite.

Bento XVI decidiu, no início de fevereiro, não alterar uma oração que pedia a "conversão dos judeus", rezada na missa em latim da Sexta-feira Santa.

A nova versão da oração, que não tem o termo de "povo cego", pede a Deus que "ilumine o coração dos judeus" para que "conheçam Jesus Cristo" e "que toda Israel seja salva e possa entrar na multidão das pessoas da sua Igreja".

O Papa também se referiu ao conflito no Oriente Médio e desejou que "a misericórdia de Deus inspire novos esforços, novas atitudes e uma purificação de corações de todos os responsáveis pelo futuro da região".

Bento XVI estimou que o diálogo entre religiões não deve se privar de "descobrir os pontos comuns e de discutir com calma nossas diferenças".

"Deixemos que outros aprendam com sua experiência, que se dêem conta que uma sociedade unida pode surgir da pluralidade do povo, se todos reconhecerem a liberdade religiosa como um direito civil elementar", insistiu Bento XVI.

Líderes muçulmanos americanos que participaram do encontro pediram ao pontífice o estabelecimento de um diálogo permanente entre as duas ambas religiões.




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