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Montadora duplica produtividade
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
26/01/2002 | 16:59
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A Volkswagen prepara o corte de 700 dos cerca de 15 mil funcionários da unidade de São Bernardo no fim deste mês, dias antes da inauguração da nova fábrica Anchieta, que ficou um terço menor para produzir quantidade maior de modelos mais modernos da família Polo. O esforço da montadora faz parte de um projeto colocado em curso pelos fabricantes tradicionais de veículos da região com a intenção de acompanhar a evolução da competitividade em novas unidades abertas em outros Estados.

O investimento da Volkswagen na Anchieta para incluir a unidade no circuito das fábricas enxutas deverá resultar em um salto na produtividade de 35 para 50 unidades por funcionário a cada ano dentro da plataforma do Polo. O presidente da empresa, Herbert Demel, tem dito que a linha de produção pode funcionar no volume máximo da capacidade instalada, produzindo 1,1 mil veículos por dia com cerca de 7 mil funcionários.

Nenhuma das montadoras locais sabe dizer ao certo quantos veículos cada funcionário passou a produzir depois dos processos de reestruturação por que passaram, mas a análise de números gerais aponta para um aumento de 63,8% na produtividade nas fábricas de São Bernardo e São Caetano na comparação entre 1990 e 2000. O aumento alcançou 70% em 1997, quando o mercado permitiu o recorde de produção. No mesmo período, as fábricas de outras regiões do país aumentaram a produtividade em 171%.

O professor José Roberto Ferro, especialista no processo de enxugamento de manufaturas da indústria automobilística, afirmou que a experiência da Volkswagen encerra a reestruturação das montadoras no Grande ABC, embora o processo seja dinâmico. Para ele, GM, Scania, DaimlerChrysler e Ford já concluíram seus projetos de modernização iniciados em 1999. Na Scania, por exemplo, o funcionário que antes produzia dois caminhões por dia passou a produzir três. A DaimlerChrysler produziu 23,6 mil unidades em 2001 em grande parte por conta da retração nas vendas, mas ainda com desempenho melhor do que o alcançado em cinco anos da década de 90, embora a empresa tenha reduzido o número de funcionários diretos da produção pela metade.

O economista Jefferson Conceição, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ressalta que o aumento da produtividade na região está subestimado, porque o número de funcionários informado pelas unidades das montadoras instaladas no Grande ABC inclui também funcionários administrativos, já que abrigam também as sedes destas empresas no Brasil, como no caso da Volks, GM, Ford, Scania e DaimlerChrysler, enquanto em outras unidades o número de funcionários informado está mais próximo do realmente empregado na linha de montagem.

Além disso, as fábricas do Grande ABC não produzem apenas veículos, mas também componentes empregados em vários estágios da produção – inclusive em outras fábricas –, enquanto novas linhas de produção contam com a contribuição de fornecedores instalados dentro de complexos industriais que participam até mesmo da montagem dos veículos e que aparecem como funcionários de outras empresas. Exemplo disso são as fábricas da GM em Gravataí (SC) e da Volkswagen Caminhões em Resende (RJ).




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