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CPI faz devassa em 37 casas de câmbio
Do Diário do Grande ABC
12/11/1999 | 18:23
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A Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico está fazendo uma devassa em 37 casas de câmbio no País. Um levantamento feito pela CPI, com a ajuda da Polícia Federal e da Presidência da República, reuniu provas de que algumas delas foram utilizadas para lavar dinheiro do narcotráfico. A maioria já perdeu suas autorizaçoes para funcionar, mas, segundo a CPI, continuam realizando operaçoes fraudulentas. O maior número de empresas envolvidas com lavagem de dinheiro está no Paraná, em Sao Paulo e no Rio e movimenta em torno US$ 30 bilhoes por ano no Brasil, conforme avaliaçao da comissao.

Na lista enviada à CPI aparecem nomes de empresas de vários Estados, cujos proprietários serao chamados para prestar depoimento. A maioria movimentou grandes somas sem apresentar a respectiva origem, o que fez a CPI suspeitar que seja dinheiro do narcotráfico e do contrabando de armas. A lavagem de dinheiro consiste na "legalizaçao" de dinheiro sem origem, geralmente depositado em contas de empresas e pessoas que nao existem ou nao sabem que estao sendo usadas no crime, os "laranjas".

Sao Paulo - Oito empresas de Sao Paulo estao entre as que mais movimentaram dinheiro sem origem, provavelmente do narcotráfico. A CPI apura a relaçao destas empresas com a máfia de Campinas. A GT Turismo e Câmbio foi descredenciada em novembro de 1996 pelo Banco Central por falsa informaçao, falsa identidade nos boletos de câmbio e evasao de divisas. A empresa movimentou US$ 26,4 milhoes somente entre abril e julho de 1996. A empresa, que funcionava no Cambuci, pertencia a Roberto Alexandre Ortali Sessa, Renato Zancaner Filho e Hélio Barone.

A Flight Free Agência de Viagens e Turismo, que tinha como sócios Lee Han Sheng, Chuang Huei Yu e Chuang Hai Ding, emitiu boletos de operaçoes de câmbio. Ao serem solicitados a confirmar as operaçoes, negaram ter feito quaisquer transaçoes com a empresa. Na avaliaçao dos parlamentares da CPI, é um indício de utilizaçao de documentos verdadeiros para fazer "laranjas".

A Happy Way Turismo e Câmbio, de Suzano (SP), segundo o Banco Central, simulou venda de moeda estrangeira a pessoas físicas, entre janeiro e agosto de 1998, além de ter "falseado" os valores de dólares adquiridos. A empresa apresentou ainda assinaturas falsas em documentos oficiais. A empresa pertencia a Oto Kendy Yoshita e a César Augusto Silveira Rodrigues.

A Ibirapuera Turismo, que funcionava no Shopping Ibirapuera, fez operaçoes de câmbio se utilizando de endereços "aleatórios" e "falsas assinaturas" nos boletos de câmbio. Segundo a CPI do Narcotráfico, a empresa pertencia à Kanazawa do Brasil Participaçoes, Momentum Empreendimentos Imobiliários, Ingo Schroer e Milton Maccache.

A Bird Turismo, que funcionava na Rua Amaro Guerra, prestou "falsa informaçao" ao Banco Central, utilizando nome e CPF indevidos em boletos de câmbio, e foi envolvida em crime de evasao de divisas. A empresa pertencia a Cristiane Calfa Gomes e Mandrison Feliz de Almeida Cerqueira.

A Danric Turismo, de Guaratinguetá, simulou venda de moeda estrangeira, entre 1º de maio e 30 de setembro de 1997, com a utilizaçao de nome de pessoa com CPF no preenchimento de boletos de câmbio, com endereços e valores de dólares "falseados". A empresa pertencia a Antônio José Fonseca Dias da Costa e Palmira Araújo da Costa e Silva.

Também em Sao Paulo, a Du Mont Câmbio e Turismo prestou ao Banco Central "falsas informaçoes". Foi acusada ainda de evasao de divisas. A empresa pertencia a Silvia Cristina Peterle Fraia, Carla Cristina Peterle Fraia, Joaquim Ribeiro de Almeida e Fábio Ribeiro de Almeida. A Dias e Cleudir Tur, que funcionava na Avenida Ipiranga, foi descredenciada por evasao de divisas e falsa identidade. A empresa pertencia a Sônia Regina Martins Dias e Janaína Martins Dias.

Rio de Janeiro - O Rio também aparece com oito empresas na lista investigada pela CPI. A Alpha Bravo Câmbio e Turismo, que tinha filiais em Foz do Iguaçu (PR) e Belo Horizonte, foi descredenciada no final de 1997 pelo Banco Central por utilizar "laranjas" para comprar dólares. A empresa comprou US$ 2,8 milhoes entre abril e agosto de 1997.

Estao ainda sendo investigadas no Rio, por envolvimento em irregularidades, as empresas Bentur Câmbio Viagens e Turismo, Cambi-Sul Agência de Viagens, Casa Behar Passagens, Globe Trotter Turismo, Escobar Turismo, Fair Tour Viagens e Flex Hotéis Turismo.

Estados - No Paraná, sao 11 empresas investigadas, a maioria em Foz do Iguaçu e Curitiba. Segundo parlamentares da CPI do Narcotráfico, a proximidade com o Paraguai estimula a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e do contrabando de armas.

Estao sendo investigadas no Paraná as empresas AG Câmbio e Turismo, Agência de Turismo Ortega, Ane Viagens e Turismo, Araponga Turismo e Câmbio, Câmbio e Turismo Latino, Cash Agência de Viagens e Turismo, Coan Câmbio e Turismo, Dick Câmbio e Turismo, Corporation Câmbio e Turismo, Exchange Tur Serviços e Holidays Tur.

Em Fortaleza, a Acctur Câmbio e Turismo comprou US$ 17,8 milhoes sem identificar a origem. Em Belo Horizonte, a CPI investiga a empresa Almeida e Couy. Em Porto Alegre (RS) estao sendo investigadas as empresas Becker Turismo e Finantur Brasil, por envolvimento em irregularidades. Em Brasília, estao sendo investigadas a Buriti Turismo e a Habib Câmbio e Turismo.




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