A Praça do Carmo, em Santo André, amanheceu diferente ontem. Bandeirinhas nas cores amarela, azul, branca e verde enfeitavam o local. Nas mãos dos fiéis representavam as paróquias que compareceram para celebrar Corpus Christi com a missa campal em frente à Catedral Nossa Senhora do Carmo.

Para o padre Décio Rocco Gruppi, a celebração é importante para reafirmar a fé na eucaristia. "Trata-se de uma manifestação pública de fé em Jesus Cristo presente na eucaristia." A missa começou por volta das 10h.

Assídua frequentadora, a professora Maria Perpetua Socorro Alves de Sousa, 40 anos, sempre participa acompanhada do marido e dos dois filhos - 8 e 2. "As crianças não reclamam de acordar cedo. Eu os incentivo desde pequenos", conta a moradora da Vila Sacadura Cabral, que afirma não viajar neste feriado por se tratar de um dia santo.

Ela acordou às 7h para ir até a Paróquia Santo Antônio e vir caminhando com os demais fiéis. O filho Thiago conta que já está acostumado a ir nas missas aos domingos. "Eu que quis ser coroinha. Gosto de estar aqui. Acho importante", diz.

RIBEIRÃO PIRES

A Paróquia São José mais uma vez foi pequena para os fiéis que compareceram. Havia pessoas na porta, na rua e até sentadas na praça em frente. Depois seguiram ao lado do imenso tapete colorido em todo o percurso da procissão.

Até moradores de outras cidades compareceram na celebração, como a coordenadora de planejamento e demanda da Vila Assis Brasil Audrey Morales, 38. "É importante para valorizar a família e aumentar a fé. Minha filha faz catecismo e ajudou na confeccção. Daqui dois anos será a vez do meu filho."

PREPARAÇÃO

Os preparativos para o tradicional tapete começam cedo nas paróquias da região, por volta das 7h. Não são apenas os desenhos feitos de serragem, flores, cascas de ovos e areias coloridas que enfeitam as ruas. Na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em São Bernardo, cobertores e roupas também fizeram parte da decoração. Os produtos serão entregues para entidades e moradores de rua. "A qualidade das doações superou nossas expectativas", afirma a recepcionista Sheila de Fátima Vicentin, 35, do Jardim Três Marias.

Na Paróquia Sagrada Família, em São Caetano, as crianças do catecismo tiveram presença marcada. Cerca de dez foram responsáveis por um dos quadros. Segundo a catequista Sônia Regina dos Santos, 48, o desenho feito pelo grupo - de uma árvore dividida ao meio - simbolizava de um lado como Deus criou o mundo e do outro a ação nociva do homem no planeta.

Há 15 anos, decoradora participa dos festejos

A decoradora Maria de Lourdes Luques, 62 anos, é veterana na confecção de tapetes. Há 15 anos participa da montagem dos quadros bíblicos estendidos nas ruas vizinhas à Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Marlene, em São Bernardo.

Ela não se incomoda de acordar cedo em pleno feriado. "Enquanto muitos estão viajando, estou disposta a ajudar o próximo e a celebrar", explica a voluntária. Ela acredita que neste ano mais pessoas colaboraram.

Maria frequenta a paróquia há 50 anos e viu bem de perto toda a transformação do local. Ela mora na Rua Maria Fongaro, o mesmo endereço da igreja.

"Naquele tempo era uma pequena capela com cerca de dez bancos. A cada ano o número de fiéis aumenta, assim como na celebração de Corpus Christi", avalia.

Ela conta que há dois anos os tapetes era confeccionados até o fim da rua. "Decidimos encurtar. Muitas pessoas não respeitavam e acabavam pisando. Além disso, o percurso era maior e mais cansativo por se tratar de subida no trajeto de volta à paróquia", explica.

Em Santana de Parnaíba, tapete teve 850m

Cerca de 1.000 pessoas participaram na manhã de ontem da confecção do tradicional tapete de 850 metros em homenagem ao Dia de Corpus Christi em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo.

A estimativa é de que aproximadamente 50 mil pessoas tenham passado pelo município para celebrar o ato religioso, que teve início com a celebração de uma missa campal. Na sequência foi realizada procissão com a passagem do Santíssimo Sacramento sobre os tapetes coloridos.

O tema deste ano foi ‘A eucaristia recria e sensibiliza a humanidade para o amor e o cuidado à criação'. Para a elaboração dos 60 quadros espalhados pelo centro histórico do município, os fiéis utilizaram 80 metros de serragem tingidos em várias cores e tonalidades.

Outros diferentes materiais, como sal grosso, pastilhas de azulejos, tecidos e palha, também foram utilizados pelos religiosos e voluntários para enfeitar os tapetes. Segundo moradores da cidade, a tradição de se criar o tapete teve início em 1968.