Cultura & Lazer Titulo
Leopoldo Pacheco dá primeiros passos no humor
Nino Sato
Da TV Press
20/08/2008 | 07:12
Compartilhar notícia


Ver Leopoldo Pacheco interpretando o atrapalhado Raul, em Beleza Pura, pode parecer incomum para quem acompanha o trabalho do ator. Com 25 anos de carreira pontuados por dezenas de personagens sérios e densos, o ator vive, pela primeira vez, um personagem cômico na TV. "Estou muito feliz de me libertar na comédia. Tenho características de ator sério, do drama, e isso me deixava meio assustado na hora de fazer humor. Achava que eu não tinha este lado", reflete.

O ator paulistano estreou na teledramaturgia em 2004, na minissérie Um Só Coração, na Globo. No mesmo ano, interpretou o vilão Leôncio, em A Escrava Isaura, na Record. Em 2005, viveu o sonhador Cemil, em Belíssima, em sua volta à Globo. No teatro, Leopoldo atuou em torno de 40 espetáculos, além dos que participou como cenógrafo, figurinista, diretor e maquiador. Após o final da novela, o ator voltará a se apresentar com os espetáculos Amigas, Pero no Mucho, de Célia Forte, e A Javanesa, monólogo escrito por Alcides Nogueira especialmente para ele.

O que você pensou quando leu a sinopse de seu personagem em Beleza Pura?
LEOPOLDO PACHECO - Primeiro, houve algumas coisas que me assustaram. Achei que o Raul tinha características frágeis demais. Quando li que ele era um cara de 40 e tantos anos que brincava com peixes de aquário, pensei que soaria exageradamente ingênuo. Mas eu estava errado. Foi um elemento fantástico. As pessoas adoraram a história. Além disso, fiquei apreensivo com o fato de fazer comédia.

Por quê?
PACHECO - Sou um ator considerado sério, por isso, fiquei assustado com o fato do personagem ser cômico. Quando soube que faria par com a Maria Clara Gueiros, o susto foi maior ainda. Pensei: ‘estou indo para a comédia mesmo!', já que ela é ‘A Comédia' e tem um talento absurdo para isso. Agora, estou me sentindo ótimo. Não me considero um comediante, mas acho que me saio bem. De repente, minha carreira se voltou para a comédia tanto no teatro quanto na TV. Estou adorando esta liberdade. Quanto mais se diversifica o trabalho, mais profundidade se consegue.

Você trabalha com diversas atividades relacionadas ao teatro. Quando decidiu focar na interpretação?
PACHECO - Virei ator meio sem querer. Estudava Artes Plásticas na Faap. Trabalhei com desenho animado publicitário muitos anos. Até que comecei a me envolver com o grupo de teatro da faculdade para fazer experimentos em artes visuais. Acabei substituindo um ator em um espetáculo e larguei o curso. Me formei na Escola de Artes Dramáticas da USP.

Quais as diferenças que você vê no panorama das artes cênicas da época que você começou a trabalhar para agora?
PACHECO - Sinto que hoje em dia se produz muito mais. Existe um interesse maior pelo teatro. No entanto, há muita dificuldade de produção. Não existe um sistema que faça o teatro crescer o tanto que merece. A situação é cada vez pior, mais difícil de produzir. Toda vez que sei que um espetáculo estreou, considero uma grande vitória.

Você acha que isso se deve a questões políticas?
PACHECO - Também. Há pouca vontade política em relação às leis, ao apoio do governo. O teatro está esquecido politicamente. Mas além disso, os próprios atores são desmobilizados. Eles lutam por interesses particulares. Não há um interesse maior em fazer uma grande mudança. Por isso, as brigas ficam segmentadas. Não existe a união de uma categoria que lute por um sistema que nos ajude a transformar o teatro.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;