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Mercado do gás sofre forte retração
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
27/11/2008 | 07:03
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Ricardo Trida/DGABC


Desde junho deste ano, quando o preço do GNV (gás natural veicular) sofreu um reajuste que equiparou seu preço ao do álcool, o movimento das convertedoras de veículos para gás natural foi reduzido substancialmente.

Na SOS Catequese, em Santo André, havia uma média de 50 automóveis por mês que instalavam o cilindro de gás. "Hoje é difícil conseguir cinco carros", conta Edilson Santos, mecânico que trabalha no estabelecimento desde 2000, quando o GNV começou a ser disseminado e eram atendidos em média 100 carros por mês.

O que os mantêm é a manutenção dos kits de gás, cuja retirada de um veículo para outro custa em média R$ 100, e a reinstalação, R$ 350. "Após o aumento no preço do combustível, as pessoas ficaram com receio de aderir ao gás. Muitas inclusive venderam o kit usado e o proprietário da convertedora comprou por acreditar que o preço recuaria outra vez", explica Elaine Rossi, vendedora da SOS. Um kit novo fica em torno de R$ 2 mil, e os usados, R$ 1,2 mil.

Na Comercial GNV Center, de São Caetano, a situação é bastante semelhante. O proprietário Ouvelli Carlos Peternella conta que se antes convertia 40 veículos por mês, após a alta de junho atendia 15 no máximo. "Este mês eu não fiz dez ainda. Se em 2005 eu tinha R$ 500 mil no banco, hoje eu devo R$ 60 mil", ilustra. "Todos os empresários do meu ramo hoje estão com dívidas no banco. A esperança é que em 2010 a Bacia de Campos abasteça internamente e a gente não dependa mais do gás da Bolívia", diz Peternella.

ESPECULAÇÃO
Segundo informações extra-oficiais do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMR), a "Comgás (Companhia de Gás de São Paulo) deverá aumentar novamente o preço do gás natural. E dessa vez, o reajuste será de 40%", conta Roberto Rodrigues, assessor da entidade.

A Comgás foi procurada pela reportagem do Diário, mas informou que não sabia nada a respeito e que era regulada pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo). A entidade também foi procurada, mas a reportagem não conseguiu contato.

Entretanto, a informação nos postos Petrobras da região é que haverá uma elevação no preço do GNV. No Auto Posto Catequese, em Santo André, um funcionário contou que anteontem trabalhadores da Comgás responsáveis pelo contrato com o posto estiveram por lá e comentaram sobre o reajuste de 40%.

No Auto Posto Garopa, de São Caetano, o gerente Cláudio Matias afirmou que o posto foi informado pela Petrobras sobre a possibilidade de o preço do gás natural subir ainda esta semana. "Até sexta-feira deve ser decidido se haverá o aumento e se a Comgás o absorverá totalmente ou se vai repassá-lo". Nenhum dos entrevistados, entretanto, soube explicar o motivo do possível acréscimo.

No Auto Posto Pepa, da mesma cidade, cuja distribuidora é a Ypiranga, o preço foi reduzido em R$ 0,10 por metro cúbico. A "promoção", no entanto, equivale ao preço em que é comercializado em Santo André, R$ 1,39. "Está sobrando gás. Até junho vendíamos uma média de 120 m3 por dia. Hoje, caiu para 80 m3. Acho que a quantidade de carros flex nas ruas também contribuiu", conta a gerente Joseli Prates.




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