Começa na terça-feira, às 9h, a 8ª edição do Congresso de História do Grande ABC, evento que neste ano terá sede na Vila de Paranapiacaba, em Santo André. A programação, que se estende até sábado, tem como enfoque principal a importância dos patrimônios culturais e da intervenção da ferrovia no Grande ABC. O evento será aberto com a palestra de um dos fundadores do evento, o professor José de Souza Martins, da USP (Universidade de São Paulo), que vai tratar do processo de modernização na Vila – da passagem da sociedade escravista à fase industrial. O congresso tem apoio do Diário.

A industrialização no Grande ABC fará parte também da exposição do professor de urbanismo Luiz De Pinedo Quinto, da PUC-Santos (Pontifícia Universidade Católica). “Terei como base as perspectivas das políticas urbanas expostas na tese de doutorado de Luiza Naomi Iwakami”, afirma. Ele disse que falta uma política nacional que incentive a cadeia produtiva da indústria automotiva e petroquímica na região. E usou como exemplo Diadema. “A cidade concentra a maioria das indústrias de embalagens plásticas do Brasil e deveria receber mais incentivo.”

Segundo Quinto, ainda é importante destacar que o pólo industrial do Grande ABC foi criado no século XIX e é um dos mais antigos do mundo, que conseguiu sobreviver às transformações tecnológicas. “Diferentemente de outros pólos, passou por uma reestruturação produtiva com a diminuição dos postos de trabalho nas últimas duas décadas, mas sem reduzir o número das indústrias”.

O papel da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí para o desenvolvimento do Grande ABC será mais um assunto abordado durante o congresso. A arquiteta Silvia Helena Passarelli, do Centro Universitário da Fundação Santo André, por exemplo, falará na terça sobre a interferência da ferrovia no espaço urbano.

“A estrada de ferro criou os caminhos para a primeira industrialização do ABC, no começo do século XX. Já o estímulo do governo federal ao transporte rodoviário, na década de 1950, fez com que nas décadas seguintes as empresas de ônibus ganhassem mais espaço. Somente nos últimos dez anos, a qualidade do transporte ferroviário começou a melhorar. Por isso, considero que a volta do trem de passageiros a Paranapiacaba é totalmente possível”, afirmou.

Retrospectiva – O Congresso de História do Grande ABC é um evento que ocorre a cada dois anos na região, desde 1989. A última edição foi realizada em Rio Grande da Serra, quando, por seis dias, os palestrantes discutiram o tema Matas, Águas, Trilhas: caminhos do ABC. Foram tratados desde o percurso feito pelos bandeirantes na região até a preservação ambiental.

É prevista para o fim deste ano a publicação dos anais do congresso, em que constam dados sobre matas preservadas e a presença de índios na região, entre outros assuntos. As informações serão disponibilizadas em espaços públicos como bibliotecas, fundações que tratam da memória e museus dos sete municípios.

Ainda há tempo de se inscrever no evento. Os postos de inscrição são o Museu de Santo André (rua Senador Fláquer, 470, Centro, Santo André, tel.: 4438-9111) e o Centro de Informações Turísticas de Paranapiacaba (Lago dos Padeiros, s/nº, Paranapiacaba, tel.: 4439-0237). Outra alternativa é pelo e-mail paranap@santoandre.sp.gov.br. Na mensagem, deverão constar os seguintes dados: nome, endereço, telefone, e-mail e profissão.

Para os retardatários que não conseguirem se inscrever nesta segunda, ainda haverá a oportunidade de preencher na terça a ficha diretamente no local do Congresso. A coordenação do evento disponibilizará em todos os dias três ônibus para fazer o transporte gratuito dos participantes. Os veículos sairão do Paço Municipal de Santo André, às 8h30, e retornarão às 18h30, ao Centro do município. Todos os inscritos também receberão um kit com o resumo das palestras e certificado de participação.