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Governo nao sabe quando irá reaver recursos do Econômico
Do Diário do Grande ABC
06/08/2000 | 20:05
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Passados cinco anos do fechamento do que era, na época, o oitavo maior banco nacional, a Uniao ainda nao recebeu um centavo do dinheiro que injetou no Econômico. A dívida se aproxima de R$ 10 bilhoes (R$ 9,6 bilhoes em dezembro de 1999) - recursos recebidos do programa de socorro aos bancos privados (Proer). O Banco Central ainda nao começou a reaver o dinheiro porque o processo de liquidaçao praticamente voltou à estaca zero, após várias açoes judiciais desfavoráveis. E nao há previsao de quando possa ser encerrado.

Diante de um rombo de R$ 4,5 bilhoes, a intervençao do BC no Econômico em 11 de agosto de 1995 causou comoçao. O banco tinha 1,2 milhao de clientes, cujos depósitos somavam US$ 2 bilhoes. Ao quebrar, a instituiçao deixou prejuízos para milhares de pessoas - principalmente na Bahia, onde era sediado -, que ficaram com o dinheiro retido. O abalo atingiu o mercado financeiro e chegou ao Palácio do Planalto.

A quebra do banco de Angelo Calmon de Sá teve que ser negociada diretamente pelo presidente Fernando Henrique Cardoso com o senador baiano Antônio Carlos Magalhaes (PFL). Na ocasiao, ACM tentou impedir a liquidaçao, chegou a propor a compra do banco por R$ 1, mas o governo manteve a decisao. Um ano depois o Econômico seria formalmente liquidado. Seus ativos bons foram vendidos ao Excel, da família Nasser, operaçao que se revelaria um fiasco.

Considerado um dos mais complexos processos tocados pelo Banco Central, devido ao tamanho da instituiçao e ao emaranhado de 40 empresas coligadas, a liquidaçao tem sido brecada por ingerências políticas e ordens judiciais. Nenhum grande credor do banco conseguiu receber até agora, porque o patrimônio ainda nao foi vendido e, portanto, nao há recursos da massa falida.

Em 1998, uma operaçao de venda das participaçoes do banco em empresas petroquímicas, bens de maior valor da massa, foi abortada por uma ordem do ex-ministro da Casa Civil Clóvis Carvalho. O edital do leilao já tinha sido publicado, com preço mínimo de R$ 897 milhoes para as açoes, e a operaçao tinha consumido negociaçoes entre o BC e as empresas durante dois anos.

Nova tentativa de venda das açoes das petroquímicas foi anunciada para até o fim do ano. O liquidante nomeado pelo Banco Central está tentando convocar os credores do Econômico para avaliar os valores devidos a cada um. Mas a decisao foi suspensa pela Justiça. O ex-controlador Calmon de Sá obteve liminar impedindo a publicaçao do balanço relativo a 1999, que traz as dívidas e os bens atualizados.

O ex-controlador contesta o balanço, acusando o Banco Central de ter reduzido o valor de créditos que o banco tem a receber da Uniao referentes ao Proagro, o programa de seguro agrícola. A falta de registro de correçao monetária sobre o crédito levaria a uma reduçao do patrimônio do banco. Calmon teme que, depois de pagar aos credores, nao sobre nada do patrimônio e ele ainda corra o risco de ter que desembolsar mais dinheiro pelo rombo.

O Banco Central diz que a paralisaçao do processo retira qualquer perspectiva de fim da liquidaçao e de início do pagamento aos grandes credores. Os pequenos depositantes receberam, à época, o seguro de crédito até o limite de R$ 20 mil dos depósitos. Mesmo quando iniciados os pagamento, o BC está em segundo lugar para reaver o Proer, depois das dívidas trabalhistas.




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