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Sigilo de envolvidos no caso FAB pode ser quebrado
Do Diário do Grande ABC
27/04/1999 | 20:49
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A Comissao Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico vai votar na quarta (28) a convocaçao do ministro da Aeronáutica, Walter Werner Brauer, e a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos principais acusados de tráfico no aviao da Força Aérea Brasileira (FAB), em operaçao em que a Polícia Federal encontrou 32,9 quilos em escala no Recife, na semana passada. Em depoimento aos parlamentares da CPI, o ministro-chefe da Casa Militar da Presidência da República, general Alberto Cardoso, defendeu nesta terça uma soluçao rápida para o caso. "Quanto menos tempo durar a elucidaçao, melhor", disse o general.

A convocaçao do ministro da Aeronáutica já é dada como certa pelos parlamentares da CPI do Narcotráfico, que nao se contentaram com as informaçoes que levantaram junto ao governo. Há deputados que defendem reuniao secreta com os militares para ter acesso a todas as informaçoes do Inquérito Policial Militar conduzido pelo Ministério da Aeronáutica.

Os parlamentares querem convocar para depor e ainda quebrar o sigilo do tenente-coronel Paulo Sérgio Pereira, que teria levado a cocaína para o aviao, e que está preso no Recife. Os parlamentares pretendem votar ainda a quebra de sigilo da colombiana Lila Mirtha Lopes e do americano John Michael White, supostos planejadores do envio de droga para o exterior.

O general Alberto Cardoso deixou claro que o presidente Fernando Henrique Cardoso espera uma resposta rápida à sociedade brasileira, por envolver um dos braços das Forças Armadas, que é a Aeronáutica. "Este problema requer de nós o mais rigoroso e severo acompanhamento", disse o general, "este é o pensamento do chefe do Executivo", afirmou. Alberto Cardoso acredita que o ministro da Aeronáutica irá depor na CPI do Narcotráfico para prestar todas as informaçoes possíveis aos parlamentares. Perguntado por um deputado se os militares que estavam traficando drogas nao teriam feito outras operaçoes em avioes da FAB, o general afirmou que tudo leva a crer que nao se trata de uma rede de contrabando em avioes do governo.

O oficial informou aos parlamentares que o aviao da FAB tinha como missao oficial buscar na França as peças de um aviao mirage do Brasil que estava sendo consertado. A escala técnica para abastecimento estava prevista nas Ilhas Canárias, no Atlântico. disse que a apreensao de drogas no aviao da FAB nao vai alterar a rotina da segurança dos avioes da FAB que o presidente Fernando Henrique Cardoso utiliza em suas viagens. "A segurança do presidente é rigorosa e continua a mesma", disse.

Conversa -Os parlamentares da CPI do Narcotráfico acabaram conversando bastante com o general Alberto Cardoso, que se mostrou receptivo a todas as perguntas. A alguns parlamentares, o general deu respostas irônicas. Perguntado se as Forças Armadas nao ajudariam a Polícia Federal em açoes de combate ao narcotráfico, o general afirmou que a ajuda se restringirá à área de inteligência. "Cada macaco no seu galho", disse.

Ao explicar os motivos que levaram o governo a criar a Secretaria Nacional Antidrogas, o general Alberto Cardoso afirmou que o governo tinha constatado que o narcotráfico vinha crescendo numa proporçao superior à capacidade do Estado em enfrentar o problema. Segundo o general, cerca de 90% dos crimes nas grandes metrópoles estao de alguma forma ligados às drogas. Alberto Cardoso disse ainda que é cada vez mais crescente o número de crianças entre 8 e 12 anos que consomem drogas.

Alberto Cardoso disse ainda que a fronteira brasileira, em alguns locais, ainda representa uma ameaça à soberania nacional. Durante o depoimento, o general afirmou que o governo estuda uma "compensaçao financeira" para os agricultores do chamado "polígono da maconha", no sertao nordestino. O general disse ainda que ganha força dentro do governo a idéia de se construir presídios federais. Disse que uma das preocupaçoes do governo brasileiro é com "a desenvoltura", em território brasileiro, de alguns órgaos estrangeiros de inteligência. Ele afirmou que a prioridade número um da área de inteligência é "o capitalista da droga".




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