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Produção norte-americana será filmada na Vera Cruz
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
07/01/2004 | 18:54
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Quando a Cia. Vera Cruz foi inaugurada, em 4 de novembro de 1949, cansaram de comparar o empreendimento erigido em São Bernardo a Hollywood, referência-mor do cinema industrial. Pode ser que os autores das comparações tenham escrito (ou dito) certo por linhas tortas, pois os pavilhões A e B da companhia serão utilizados, a partir do próximo dia 20, para filmagens de produções norte-americanas. A concessão de uso dessa área, estimada em 8.078,88 metros quadrados, para filmes da terra de John Ford tem como intermediária a empresa Cash Group, situada também em São Bernardo.

Um dos seis longas-metragens previstos para serem rodados nos estúdios já tem nome e orçamento: Genesis Code, produção cujos custos serão de US$ 22 milhões. Um montante paquidérmico para os padrões brasileiros, mas de nível médio para longas-metragens norte-americanos. “Eu vi o projeto desse filme e nele consta que US$ 16 milhões do orçamento deverão ser gastos aqui, em São Bernardo”, diz Ademir Silvestre, coordenador de ações comunitárias da Prefeitura e assessor especial do prefeito William Dib. “O restante do dinheiro pagará cachês de artistas e técnicos vindos dos Estados Unidos e a finalização do filme, em Los Angeles”, afirma Silvestre, que acompanhou parte das negociações entre a Prefeitura, a Cash e os produtores.

Os pavilhões estão reservados para a empresa até 20 de agosto. Nesse intervalo, Genesis Code consumirá quatro semanas de filmagens em São Bernardo, segundo o cronograma da produção. A cobrança de uso da Vera Cruz, tida como próprio (equipamento) municipal, entra em concordância com a resolução municipal nº 95, de 1991, que estabelece preços para a ocupação temporária de seus pavilhões, por metro quadrado utilizado.

A Cash Group, que tem tratado o projeto de “complexo Vera Cruz”, atua em outros ramos de entretenimento, como a gravadora Cash Records. Em entrevista ao Diário, o empresário Maurício Andreani, sócio da Cash, afirmou que o papel de sua empresa será o de “oferecer suporte e logística para produções norte-americanas”.

O empresário disse também que dois terços da mão-de-obra seria recrutada junto a profissionais brasileiros. Isso caracteriza então uma co-produção entre Brasil e Estados Unidos, como determina o texto da lei federal nº 10.454, de maio de 2002. “Afinal, ninguém traz figurantes de fora”, afirmou Andreani.

A Cash fez reformas nas instalações elétricas e hidráulicas da Vera Cruz; à Prefeitura coube a manutenção, como pintar as paredes externas, capinar o mato e recolher os despojos de cenários de Carandiru, filmado lá por Hector Babenco no ano passado. Pequenas melhorias que constam no book da Vera Cruz com o qual o produtor Jay Bernstein percorreu Los Angeles atrás de interessados no projeto. Em seu site pessoal, Bernstein é descrito como um “legendário fazedor de estrelas”, outrora agente das atrizes Farrah Fawcett (da série As Panteras) e Suzanne Sommers (American Graffiti). Segundo um entusiasmado Andreani, foi para este produtor a serviço da Cash que o cineasta Steven Spielberg e o ator Steven Seagal teriam declarado interesse em conhecer a Vera Cruz repaginada.




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