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Lan House é a nova febre virtual
Anderson Amaral
Do Diário do Grande ABC
24/02/2003 | 21:30
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O estudante Thiago de Faria Padoveze, 14 anos, de Santo André, era só mais um apaixonado por games de computador, como muitos de sua idade, quando, há cerca de dez meses, foi convidado por um amigo a conhecer uma lan house. Lá, ele mergulhou de cabeça nos cenários do shooter Counter-Strike, o preferido de nove entre dez gamemaníacos na atualidade. Bastaram alguns minutos para que o shooter virasse a sua cabeça – e as lans, também. A Morgen, situada na Vila Bastos, é a sua preferida. Certo dia, ficou seis horas grudado numa das 24 estações da loja, o que rendeu uma bela bronca dos pais, Filomeno e Ana Augusta. Preocupados, eles temiam que o filho, matriculado na oitava série do Educandário Santo Antônio, perdesse o ano letivo por conta da nova mania. O pito valeu a pena: o que poderia se transformar num vício virou um hobby cultivado apenas nos fins de semana.

A história de Thiago é idêntica à de muitos outros adolescentes – e de adultos também – que fazem das lan houses a nova febre do mundo do entretenimento virtual. Diz a lenda que a novidade foi introduzida na Coréia do Sul em 1996 e, de lá, ganhou o mundo. Caracteriza-se pela existência de diversos computadores de última geração conectados em rede em um espaço hi-tech, quase sempre com ar-condicionado, onde dezenas de pessoas se divertem com as últimas novidades do segmento de games conectados sempre num único ambiente virtual. Tal como a Morgen há pelo menos outras 500 lan houses espalhadas pelo país, boa parte delas inaugurada no ano passado, segundo estimativa da Associação Brasileira de Lan Houses.

O que explica o sucesso daquilo que se convencionou chamar de fliperama hi-tech é a interatividade. Em meio a conversas acaloradas e jogos de tirar o fôlego, os gamemaníacos encontram o espaço ideal para trocar experiências e se divertir. “Nas lans faço novas amizades e esqueço um pouco a rotina do dia-a-dia”, diz Thiago. Ao mesmo tempo em que propõem uma identidade visual futurista, também preservam o clima familiar, ideal para conquistar os pais. Esqueça o cenário sombrio dos fliperamas e das casas de sinuca: em uma lan é proibido fumar e consumir bebidas alcoólicas. O frigobar, disponível em boa parte das lojas, oferece apenas chocolates e refrigerantes.

Outra regra diz respeito à idade dos gamemaníacos. As lans impõem limitações rígidas no período noturno. O objetivo é preservar a integridade física dos clientes, sobretudo os mais jovens. Mas, apesar do clima familiar, não há cerimônia quando o ciberatleta está diante do computador: o gamemaníaco grita, quando consegue uma boa pontuação, ou esmurra a mesa quando algo deu errado – desde que a baia não seja de vidro, é claro. “Essa liberdade eu não tenho dentro de casa”, afirma Thiago.




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