Censo 2022 Religiões indicou uma alta de evangélicos e de quem não tem religião
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Seguindo o mesmo movimento da média brasileira, o Grande ABC apresentou uma queda de 19%, na quantidade de católicos, caindo de cerca de 1.479.770 para 1.186.473 católicos, de acordo com dados do Censo 2022 - Religião, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última sexta-feira (6). Houve ainda um crescimento de evangélicos e de pessoas que se declaram sem religião.
No Censo 2010, mais da metade, aproximadamente 58%, da população das sete cidades se identificou como católica. No último Censo, essa porcentagem caiu para 44%. A cidade com maior parcela da população pertencente ao catolicismo, segundo os dados mais recentes, é São Caetano (57%), seguida de Santo André e São Bernardo, com 51% cada.
Também foi observado um aumento do número de evangélicos, de 1,4 p.p. (pontos percentuais), saindo de 24% para 25,4%. No Brasil, houve um aumento de evangélicos mais expressivo que na região, saltando de 21,7% para 26,9%. Já a população sem religião cresceu de 8,7% para 9,5% no Grande ABC e, no Brasil, de 8% para 9,3%.
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O cientista político Samuel Oliveira atribui a mudança à habilidade dos evangélicos de se comunicarem melhor com os jovens, com uma abordagem dinâmica. “Essas igrejas sabem elevar a sensação de bem-estar e dialogam bem com o desenvolvimento humano, estando, muitas vezes, associados a coachs. Também estão muito presentes nas redes sociais e têm uma capacidade de falar da religião de uma forma que o jovem entende e se sente pertencente. Já a Igreja Católica é muito tradicional e ritualística, não sendo tão compreensível na prática”, avalia.
O especialista acredita que o movimento de polarização política que aconteceu nas redes sociais especialmente em 2018, bastante ancorado na religião evangélica, contribuiu para desenhar este cenário.
SEM RELIGIÃO
A agente de prevenção de perdas de Santo André, Fabiana Feltrin Conrado, 45 anos, nasceu em São Caetano em uma família católica, porém se converteu para religiões de matriz africana. Ela passou tanto pela umbanda quanto pelo candomblé, mas há quatro anos decidiu não pertencer a nenhuma instituição. “Hoje eu tenho fé em Deus, mas não pratico. No meu percurso, vi que religiões não passam de um CNPJ, algumas com muito luxo e sem a real intenção, que é a fé. O charlatanismo tomou conta dos templos”, justifica.
A empreendedora andreense Rebecca Luiza Ferreira de Souza, 26, foi criada na igreja evangélica, mas há sete anos não pertence mais a nenhuma religião. “Cresci dentro da igreja, onde permaneci até os 14 anos. Me afastei nessa época, mas ainda me considerava evangélica até os 19, mas depois comecei a questionar muita coisa. Estudei e percebi que a Bíblia se contradizia em muita coisa. Me aprofundei nos estudos e quase fui para o ateísmo. Eu acredito em um criador, mas a religião para mim não é algo válido, ela nos cega para muitas coisas. Acredito que a religião seja mais uma forma de manipular as pessoas. Ela te tira da parte espiritual e te coloca para seguir regras que os homens criam”, afirma.
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