Na prática, a cúpula do PT aguarda uma razão concreta para defenestrar Heloísa e só espera que ela vote contra a reforma. Mas, como a tramitação da emenda constitucional está atrasada no Senado, o PT tende a alterar seu calendário. O chefe da Casa Civil, José Dirceu, passará esta segunda-feira pela reunião da executiva. “Eu me sinto numa sessão de tortura permanente, mas prefiro não acreditar que haverá expulsão”, afirma a senadora, que pretendia ser candidata à prefeita de Maceió pelo PT, em 2004. Agora, não poderá concorrer ao cargo nem por outro partido, uma vez que o prazo para filiação terminou em outubro. Heloísa diz que não existem argumentos na esquerda para apoiar a “proposta neoliberal da Previdência e não está disposta a recuar. “Não fomos nós que mudamos”, endossa Luciana.
A insatisfação com os rumos do partido e do governo Lula, no entanto, vai muito além do quarteto radical: atinge de trotskistas a sociais-democratas abrigados no mosaico de correntes petistas. Dez meses depois de virar governo, o PT vive cada vez mais a angústia do poder, preocupado com o alto índice de desemprego e a demora da transição para um novo modelo econômico. “Eu temo que o PT seja engolido pela geléia geral dos partidos”, desabafa Chico Alencar (PT-RJ), um dos oito deputados punidos pela cúpula. Obrigados a dar a mão à palmatória, todos eles tiveram o direito de voto suspenso e foram desligados da bancada por 60 dias, porque se opuseram à reforma da Previdência. O castigo terminou na sexta-feira.
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