Seguidores de religiões como islamismo, judaísmo, hinduísmo e budismo não celebram o nascimento de Jesus como uma data sagrada
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O Natal não existe para milhares de moradores do Grande ABC que são seguidores de religiões como islamismo, judaísmo, hinduísmo e budismo. O conselheiro religioso da Anaji (Associação Nacional de Juristas Islâmicos), xeique Jihad Hammadeh, que frequenta a Mesquita Abu Baker Assadik, em São Bernardo, diz que o nascimento de Jesus não é considerado um dia sagrado para os muçulmanos, fazendo do Natal um dia como qualquer outro.
O líder islâmico explica que sua crença reconhece a existência de Jesus Cristo, mas apenas como um profeta, e aniversários de profetas não são celebrados. “O fato de não comemorarmos não significa que não respeitamos as demais religiões e suas datas festivas”, ressalta.
Ele e sua família aproveitam o feriado, que para eles não tem significado religioso, para viajar, visitar os familiares e descansar. “Aproveitamos os dias em que o Brasil dá uma pausa, mas não fazemos festa, a ceia de Natal, troca de presentes, nem temos a figura do Papai Noel”, acrescenta.
O comerciante Ali Ahmad Saifi, 48 anos, que mora em São Bernardo e frequenta a mesma mesquita, conta que também aproveita o feriado para passear e ficar com a família. “Acaba sendo um momento de confraternização, porém sem o significado religioso”, explica.
Saifi e o xeique fazem parte dos cerca de 1.600 muçulmanos que moram no Grande ABC. O último levantamento que traz a declaração de fé dos moradores foi feito pelo Censo 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Somando as demais religiões que não celebram a data como sagrada, são aproximadamente 46 mil moradores da região que não comemoram o Natal, segundo esses dados.
Outra religião que não considera Jesus Cristo uma figura divina é o judaísmo. “Não consideramos que Jesus seja filho de Deus, pois seria inconcebível um filho dele ter encarnado. Para nós, Jesus, que era um judeu, foi uma pessoa excepcional para seu tempo, mas é filho de Deus como todos, sem essa divindade que o cristianismo atribui a ele”, esclarece Miriam Krongold Schmidt, presidente da Arisa (Associação Sinagoga Israelita de Santo André).
É na sede da Arisa, no bairro Casa Branca, onde também fica a Sinagoga de Santo André, que ela recebe os fiéis do Grande ABC. Um desses frequentadores é a aposentada Ligia Sneider, 72, que conta que a tradição não é seguida por todas as gerações de sua família. “Não comemoramos o Natal e nenhuma outra festa de cunho religioso que não seja da nossa fé. Para nós é como se fosse um feriado qualquer. Eu fui criada dentro do judaísmo tradicional, então meus filhos continuam a tradição com as minhas netas”, diz.
COMEMORAÇÕES
O islamismo e o judaísmo também possuem suas festas e feriados religiosos. Miriam comenta que excepcionalmente este ano a data da festa das luzes, chamada Chanuka, que tem um significado ligado à vitória sobre uma invasão romana, será no dia 25 de dezembro. Sua religião, o judaísmo, considera diversas outras datas como sagradas, em que fazem jantares festivos e até trocam presentes, assim como os cristãos fazem no Natal.
Um importante feriado religioso para os muçulmanos é o Ramadã, o nono mês do calendário islâmico, no qual a maioria dos seguidores da religião pratica jejum ritual – e cujas datas também são varáveis de ano para ano.
“Neste nosso feriado fazemos uma cerimônia religiosa e uma confraternização. Trocamos presentes, enfeitamos as mesquitas e casas por ter conseguir completar o jejum”, conta o xeique Jihad Hammadeh.
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