Em virtude da falta de consenso entre seus integrantes, a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos Correios adiou para terça-feira da próxima semana (dia 2 de agosto) a votação do requerimento sobre a convocação do deputado federal José Dirceu (PT-SP). Também foi postergada a votação dos pedidos para o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, e para o presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG).

O debate sobre a convocação ou não do ex-ministro-chefe da Casa Civil não estava na pauta da comissão. No entanto, o depoimento da esposa do empresário Marcos Valério de Souza, Renilda Maria Santiago de Souza, na última terça-feira, trouxe a questão à 'tona'. Ela disse que Dirceu tinha conhecimento dos empréstimos solicitados pelo ex-secretário de Finanças do PT Delúbio Soares ao publicitário. Renilda afirmou ainda que o deputado se reuniu com a diretoria do BMG (Banco Minas Gerais) e do Banco Rural. Posteriormente, por meio de nota oficial, Dirceu confirmou o encontro com os diretores das duas instituições financeiras, mas negou que tenha negociado empréstimos ao PT.

O impasse entre os integrantes da CPMI dos Correios foi motivado, principalmente, pelo fato do ex-ministro-chefe da Casa Civil estar na iminência de prestar esclarecimentos sobre seu suposto envolvimento nos escândalos de corrupção no Conselho de Ética da Câmara (dia 2 de agosto – terça-feira). José Dirceu também já falou à Corregedoria da Câmara.

Dirceu é apontado como um dos 'gerentes' do chamado 'mensalão' – suposto esquema em que o PT, representado por Delúbio Soares, pagava uma mesada de até R$ 30 mil a deputados do PL e do PP em troca de 'favores políticos' (votos) na Câmara. Neste esquema, Marcos Valério é acusado de ser o 'operador financeiro'. Ele seria o responsável por 'arranjar' empréstimos milionários junto a instituições financeiras e repassar esse dinheiro ao PT. A denúncia do 'mensalão' foi feita pelo presidente licenciado do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ).

Eduardo Azeredo – A intenção da oposição é conseguir que o senador Eduardo Azeredo, presidente nacional do PSDB, não seja 'convocado' a depor, mas sim 'convidado'. No entanto, independente do parlamentar mineiro ser 'convidado' ou 'convocado', a cúpula tucana quer que ele preste esclarecimentos à CPMI dos Correios para, desta maneira, forçar a presença de José Dirceu. O nome de Azeredo surgiu nas investigações da comissão depois que o jornal O Globo, na sua edição da última terça-feira, publicou uma matéria revelando um suposto empréstimo de R$ 11,7 milhões da empresa DNA – pertencente a Marcos Valério – ao parlamentar em 1998, quando ele era candidato a reeleição para governador de Minas Gerais. O dinheiro proveniente deste empréstimo foi obtido junto ao Banco Rural. Por meio de nota, Azeredo negou os fatos.